A violência na República Centro-Africana deixou cerca de 480.000 deslocados no país desde o início da crise, declarou neste domingo o representante do Unicef em Bangui, Souleymane Diabaté.
“Há ao todo 480.000 deslocados em todo o país”, incluindo cerca de 50.000 em Bangui, afirmou Diabaté à AFP.
“Nós assistimos neste momento a deslocamentos em massa de uma população composta majoritariamente de crianças, mulheres e de pessoas vulneráveis que não têm nada. Esses deslocamentos ficaram mais acentuados depois dos últimos ataques a Bangui e a Bossangoa”, acrescentou.
Na quinta-feira, milícias armadas lançaram uma vasta ofensiva em vários bairros da capital Bangui, massacrando vários civis muçulmanos, e desencadeando actos sangrentos de vingança dos integrantes do movimento Seleka – que tomou o poder em Março – contra a população aterrorizada.
Em três dias, 394 pessoas foram mortas na capital centro-africana, segundo um último registo divulgado neste domingo pelo chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius.
“As necessidades financeiras dobraram para não dizer que triplicaram, passando de 12 milhões de dólares a 31 milhões de dólares”, afirmou Diabaté.
A República Centro-Africana está mergulhada no caos e numa espiral de violência comunitária e religiosa entre cristãos e muçulmanos que teve início depois da queda, em Março, do presidente François Bozizé, derrubado por uma coligação dominada por muçulmanos, a Seleka.
Recentemente, a violência se intensificou em Bangui. A barbárie num país de 4,6 milhões de habitantes, em total decomposição, causou a intervenção francesa, oficialmente lançada na noite de quinta-feira depois de uma resolução nesse sentido ter sido aprovada na ONU.
A operação Sangaris (nome de uma borboleta vermelha local) mobiliza 1.600 militares franceses em apoio a uma força africana no local, a Bisca (2.500 soldados), com o objetivo de acabar com os massacres e “desarmar todas as milícias e grupos que aterrorizam a população”, segundo Paris. (swissinfo.ch/AFP)