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    PR do Ruanda preocupado com posição dos EUA sobre genocídio

    O Presidente do Ruanda, Paul Kagame, declarou hoje estar preocupado com o facto de os Estados Unidos não terem reconhecido que o genocídio de 1994 foi especificamente contra a minoria tutsi do país.

    O Presidente do Ruanda, Paul Kagame, declarou esta segunda-feira (08.04) estar preocupado com o facto de os Estados Unidos não terem reconhecido que o genocídio de 1994 foi especificamente contra a minoria tutsi do país.

    As declarações de Kagame surgiram na sequência de uma publicação do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, na rede social X (antigo Twitter). “Lamentamos os muitos milhares de tutsi, hutu, twa e outros cujas vidas se perderam durante 100 dias de violência indescritível”, escreveu Blinken.

    Kagame disse hoje aos jornalistas que a questão foi discutida com o antigo Presidente dos EUA, Bill Clinton, que liderou a delegação norte-americana na cerimónia de domingo, no 30.º aniversário do genocídio em que os extremistas hutu massacraram cerca de 800.000 pessoas, a maioria das quais tutsi.

    As autoridades ruandesas insistem que qualquer ambiguidade sobre quem foram as vítimas do genocídio é uma tentativa de distorcer a história e desrespeita a memória das vítimas.

    A hipocrisia das nações ocidentais

    As autoridades norte-americanas não comentaram hoje o sucedido, mas o Presidente, Joe Biden, emitiu uma declaração domingo (07.04), a dizer que os “horrores daqueles 100 dias” nunca serão esquecidos.

    Num discurso proferido no domingo, o Presidente ruandês afirmou que os ruandeses estão revoltados com o que descreveu como a hipocrisia das nações ocidentais, que não conseguiram impedir o genocídio.

    O massacre foi desencadeado quando um avião que transportava o então Presidente, Juvénal Habyarimana, um hutu, foi abatido sobre Kigali, a capital, a 6 de abril de 1994.

    Os tutsi foram responsabilizados pelo abate do avião e pela morte do Presidente, tendo-se tornado alvos de massacres dirigidos por extremistas hutu que duraram mais de 100 dias, sendo que alguns hutu moderados que tentaram proteger os membros da minoria tutsi também foram mortos.

    O Governo há muito que culpa a comunidade internacional por ignorar os avisos sobre os assassínios, com alguns líderes ocidentais a expressarem arrependimento, nomeadamente o Presidente francês que declarou que França poderia ter evitado o massacre, mas não quis.

    M23 está a lutar pelos direitos dos tutsi congoleses?

    Kagame está sob pressão crescente por causa do envolvimento militar do Ruanda no leste da República Democrática do Congo (RDCongo), onde as tensões aumentaram recentemente, com os líderes dos dois países a acusarem-se mutuamente de apoiarem grupos armados.

    Em fevereiro, os EUA instaram o Ruanda a retirar as suas tropas e sistemas de mísseis do leste da RDCongo, descrevendo pela primeira vez o Movimento 23 de Março (M23) como um grupo rebelde apoiado pelo Ruanda.

    Os peritos das Nações Unidas afirmaram ter “provas sólidas” de que membros das forças armadas do Ruanda estavam a conduzir operações no país em apoio ao M23, cuja rebelião causou a deslocação de centenas de milhares de pessoas na província de Kivu do Norte da RDCongo.

    Kagame afirmou hoje que o M23 está a lutar pelos direitos dos tutsi congoleses, dos quais pelo menos 100.000 procuram atualmente abrigo no Ruanda, depois de terem fugido dos ataques no leste da RDCongo.

    As autoridades ruandesas afirmam que pretendem dissuadir os rebeldes, incluindo os extremistas hutu responsáveis pelo genocídio, que fugiram para o leste da RDCongo.

    A composição étnica do Ruanda mantém-se praticamente inalterada desde 1994, com uma maioria hutu. Os Tutsis representam 14% e os Twa apenas 1% dos 14 milhões de habitantes.

    O Governo de Kagame, dominado pelos tutsis, proibiu qualquer forma de organização segundo linhas étnicas, como parte dos esforços para construir uma identidade ruandesa uniforme.

    Os bilhetes de identidade nacionais já não identificam os cidadãos por grupo étnico e as autoridades impuseram um código penal rigoroso para processar os suspeitos de negarem o genocídio ou a “ideologia” subjacente.

    Por LUSA

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    FonteDW

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