As formações políticas da oposição, com excepção da APN, ameaçam desencadear uma série de medidas, entre elas a realização de manifestações, caso não sejam resolvidas algumas questões que consideram essenciais para a lisura e transparência do processo eleitoral.
A advertência foi feita ontem durante uma conferência de imprensa que serviu para abordar algumas questões que, segundo a UNITA, CASA-CE, PRS e FNLA, põem em causa a justeza do processo eleitoral.
Em Junho, a UNITA já tinha convocado manifestações contra a escolha, por concurso, das empresas Sinfic e Indra, para a elaboração dos cadernos eleitorais, credenciar os agentes eleitorais bem como abastecer com material de votação e da solução tecnológica.
O não credenciamento de todos os delegados de lista a que os partidos têm direito, a transferência de eleitores de assembleias de voto próximas das suas áreas de residência para outras zonas, bem como a suposta existência de assembleias de voto fora do mapeamento são algumas das questões levantadas pelos partidos da oposição.
“Sem credenciamento não pode haver a fiscalização do voto\”, afirmou Adalberto Costa Júnior, que representou o presidente da UNITA na concertação política entre as outras formações políticas da oposição e na conferência de imprensa de ontem. Segundo soube o Jornal de Angola, ficou acordado que cada formação política credenciasse 200 mil delegados, mas, a três dias da data das eleições, ainda está-se muito aquém de se atingir esta cifra.
“Acreditamos que este é um atraso intencional. Há uma postura clara da CNE de obstruir o processo”, acusou Adalberto Costa Júnior, que estranha o facto de o MPLA, também concorrente às eleições, não estar a reclamar estas falhas. \”Isso leva-me a crer que é ele (o MPLA) que está a instrumentalizar a CNE\”, acusou. O político, que é candidato a deputado pela UNITA, acusou ainda a CNE de estar a violar sistematicamente a lei. Citou, como exemplo, o facto de, até agora, não ter publicado ainda os cadernos eleitorais no jornal de maior circulação.
Ainda relativamente ao credenciamento, Manuel Muxito, que representou o presidente do PRS, sugeriu que fossem as formações políticas a fazerem o credenciamento dos delegados que faltam por credenciar, a partir da lista que a CNE tem em sua posse. \”Se a CNE está com dificuldades, esta é uma ajuda que poderíamos dar e que poderia resolver este problema\”, disse.
A UNITA, CASA-CE, PRS e FNLA manifestaram igualmente desconfianças relativamente a um suposto translado de unidades militares de um lado para outro. André Mendes de Carvalho, que representou o líder da CASA-CE, disse que este processo pode estar relacionado com aquilo que considerou de medo do MPLA de perder as eleições nos locais em que os militares estão a ser enviados. Na óptica do candidato a Vice-Presidente da República pela CASA-CE, as tropas estão a ser enviadas para aqueles locais onde o partido da situação pretende equilibrar os resultados eleitorais.
Carta à CNE
Aquelas formações políticas dizem ter endereçado, no dia 9, uma carta ao presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) onde elencam estes e outros assuntos urgentes, para discussão e tratamento e \”com vista ao normal processo das eleições\”. No dia 15 do mesmo mês, dizem, André da Silva Neto terá alegado falta de tempo, face ao aproximar das eleições, bem como falta de legitimidade dos proponentes, tendo assim recusado o encontro de trabalho com aquelas forças políticas.
Com efeito, a UNITA, CASA-CE, PRS e FNLA deram uma espécie de ultimato para a solução dos problemas apresentados, apontando o dia de hoje, 20 de Agosto, como limite, sob pena de tomarem “medidas pertinentes” com vista àquilo que consideram ser a reposição da legalidade, legitimidade, lisura e justeza do processo. (Jornal de Angola)
