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    Mali: Oposição rejeita proposta da CEDEAO para resolver crise política

    A contestação deve voltar às ruas no Mali esta segunda-feira (20.07), depois de a oposição ter rejeitado uma proposta da CEDEAO para resolver a crise política.

    O 5 de Junho, movimento da oposição, tinha suspendido as manifestações contra o Presidente Ibrahim Boubacar Keita durante o fim-de-semana para facilitar as negociações com a missão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

    Mas os mediadores do bloco regional acabaram por abandonar o país sem um acordo e os apelos às manifestações estão de volta. A oposição rejeita a solução apresentada para a crise política que se vive há duas semanas no país: um governo de unidade nacional.

    Jean Claude Kassi Brou é um dos mediadores da CEDEAO e defende que “é urgente criar um governo de unidade nacional, na base do consenso e tendo em conta as recomendações do Diálogo Nacional Inclusivo, composto em 50% pela coligação no Executivo, em 30% pela oposição e 20% pela sociedade civil.”

    Oposição insiste na demissão do Presidente

    Mas, após quatro sessões de trabalho, separadamente, com Governo e oposição, agregada no movimento 5 de Junho, que junta representantes políticos, religiosos e civis, a missão da CEDEAO, liderada pelo ex-Presidente nigeriano Goodluck Jonathan, não foi capaz de aproximar uns e outros.

    A divergência principal decorre da exigência, por parte dos opositores, de que o Presidente Keita se demita.

    Na sua declaração final, a missão da CEDEAO não se refere à permanência do chefe de Estado no poder, contestada nas ruas desde Junho e que deu origem à formação de um movimento alargado que uniu a oposição.

    Mas não deixa margem para dúvidas: “As mudanças não constitucionais de poder não serão aceites”.

    Popularidade de Keita em queda

    Os mediadores propõem também a nomeação de um novo Tribunal Constitucional, para resolver o litígio em torno dos resultados das eleições legislativas de Março/Abril. O Tribunal Constitucional foi dissolvido pelo Presidente a 12 de Julho, para tentar apaziguar os protestos nas ruas, largamente desencadeados com a invalidação, em maio, dos resultados provisórios das eleições parlamentares de Março.

    A popularidade de Keita, que tem ainda pela frente três anos do seu último mandato, tem vindo a cair entre suspeitas de corrupção e o agravamento da crise do extremismo islâmico no Mali. Os apelos à sua demissão intensificaram-se com a resposta violenta das autoridades aos protestos da semana passada, fazendo pelo menos 12 mortos e mais de cem feridos.

    O movimento 5 de Junho canaliza múltiplos e profundos descontentamentos contra a deterioração da segurança e a incapacidade do Governo em resolver estes problemas, a estagnação económica e social, o fracasso do Estado, ou o descrédito generalizado das instituições, suspeitas de corrupção.

    “A CEDEAO não pode ser um instrumento para proteger chefes de Estado”

    E a missão da CEDEAO, afirmam, foi um fracasso. Ibrahim Ikassa Maïga lidera o movimento da oposição: “Dissemos à CEDEAO que não queríamos que o povo maliano sentisse, no final de todo este processo, que a CEDEAO tem como único objectivo manter um Presidente no poder contra o seu povo. A CEDEAO não pode ser um instrumento para proteger chefes de Estado. Tem de servir os interesses do povo.”

    Com a promessa de voltar a sair à rua a partir desta segunda-feira (20.07), o movimento 5 de Junho continua a exigir a demissão do Presidente Ibrahim Boubacar Keita, a dissolução da Assembleia Nacional e o fim efectivo do mandato dos membros do Tribunal Constitucional.

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