A presença de cerca de uma dezena de soldados armados da África Ocidental nas instalações do Parlamento da Guiné-Bissau levou hoje à suspensão dos trabalhos, depois de os deputados se terem manifestado incomodados.
O primeiro a questionar a presença dos soldados da força de alerta da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) logo à entrada do Parlamento foi Rui Diã de Sousa, líder da bancada parlamentar do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde).
“Senhor presidente, gostaríamos de saber o porquê da presença inusitada de soldados à porta do Parlamento?”, perguntou Diã de Sousa, dirigindo-se a Ibraima Sory Djaló, presidente em exercício do parlamento guineense.
“Também não sabemos bem, mas julgamos que a presença deles é no âmbito do mandato da força da CEDEAO no país, isto é, proteger as instituições do Estado. Poderá ser isso”, afirmou Sory Djaló.
“Na nossa ótica, essa justificação não colhe até porque nunca isso aconteceu e mesmo que fosse isso o Parlamento devia ser previamente informado da sua presença. Por esse motivo a bancada do PAIGC vai abandonar a sessão para uma concertação”, disse Rui Diã de Sousa, precipitando o abandono de todos os deputados do PAIGC da sala do hemiciclo.
Manifestando-se descontente com esta postura dos deputados do PAIGC, Sory Djaló, que ainda tentou demovê-los de abandonarem a sala, pedindo calma, deu por suspensa a sessão de hoje, convocando os deputados para sexta-feira.
Quando os deputados trocavam alegações sobre a presença dos soldados da CEDEAO, estes mantinham-se em cima de uma carrinha de caixa aberta com armas apontadas para a sede do Parlamento.
À saída do hemiciclo, a Lusa tentou falar com o líder da bancada parlamentar do PAIGC, mas Rui Diã de Sousa disse que não pretendia dizer nada.
Serifo Djaló, líder da bancada parlamentar do Partido da Renovação Social (PRS, principal força politica da oposição guineense) saiu do hemiciclo e logo de seguida entrou para uma reunião de concertação com o presidente em exercício do Parlamento.
Cerca de meia hora depois da suspensão dos trabalhos no Parlamento, os soldados da CEDEAO retiram as armas pesadas que tinham instaladas na entrada, mas mantiveram-se no local munidos de espingardas.
FONTE: Lusa