Em 1979, com 37 anos, José Eduardo dos Santos herdava o poder absoluto do MPLA-PT, agora convertido teoricamente ao marxismo ortodoxo.
As prisões abarrotavam de presos políticos e de presos políticos de consciência. Entre 500 a mil detidos na sequência do 27 de Maio, na imensa maioria jovens entre os 20 e os 30 anos, sem acusação formal nem julgamento sobreviviam nas celas colectivas de São Paulo, Casa da Reclusão e nos campos de concentração. Uma dezena de militantes do próprio MPLA, ala Revolta Activa, sem qualquer acusação, sobreviviam igualmente desde 1976, nas celas da cadeia de S. Paulo.
E nas celas da cadeia de S. Paulo sobreviviam também, muitos desde 1976, cerca de 120 jovens alegadamente por serem da OCA-Organização Comunista de Angola, vindos da extrema esquerda do próprio MPLA, sem acusação formal nem julgamento.
Vou ser directo: foi José Eduardo dos Santos que liderou o processo de libertação dos presos políticos, entre fins de 1979 e meados de 1980. Não deve ter sido um processo linear e fácil, porque os velhos conservadores estavam ressabiados contra todos aqueles milhares de jovens (miúdos) que afrontavam o poder absoluto, grande parte dos quais intelectuais, professores, médicos, engenheiros, assim privados de colaborarem na construção dos primeiros tempos do novo país.
Obs. O título é da autoria de Nelson Francisco Sul.
Rui Filipe Ramos | Jornalista | In Facebook