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    Sexismo e atraso…

    Há um livro que está por sair que diz que o líder norte-coreano, Kim Jong-Un piscou o olho à Sarah Huckabee, a então porta-voz da Casa Branca, no encontro com o Presidente Trump. Este ponto irá acabar em risadas. Já vi em entrevista na televisão em que a Condeleeza Rice, antiga conselheira para Segurança Nacional do Presidente George W. Bush, contou que o antigo Presidente da Líbia, Muamar Kaddafi, convidou-a para a sua tenda em Trípoli para verem alguns vídeos — uma montagem de clipes da secretaria Rice.

    O Presidente Kaddaffi sonhava ter um caso, sim, com Condeleeza Rice. Mas isto tudo era visto como sendo uma manifestação das excentricidades de homens estrangeiros. Hoje em dia, tal comportamento não seria aceitável nos Estados Unidos. Quem aspira ascender na política americana tem que saber tratar bem as mulheres.

    Em 1991, o mundo estava completamente obcecado com as declarações da Anita Hill. O juiz Clarence Thomas estava para ser nomeado para o Tribunal Supremo dos Estados Unidos — o segundo negro na história daquele país. No interrogatório feito pelo Congresso, apareceu uma académica, Anita Hill, que afirmou que quando ela trabalhou com o juiz, o seu comportamento foi inaceitável.

    Aparentemente, segundo Anita Hill, Clarence Thomas trazia assuntos inapropriados, que tinham a ver com sexo ou filmes pornográficos, no local de trabalho. Anita Hill causou uma certa revolução nos Estados Unidos. Hoje, o chefe que faz comentários sobre a aparência física de uma subordinada corre o risco de perder o seu emprego ou então acabar no tribunal.

    O chefe que faz perguntas sobre a vida privada de uma subordinada também estará a procurar problemas sérios. Pedir favores sexuais de subordinadas agora é plenamente inaceitável, isto pode terminar com uma carreira!

    O que está a acontecer nos Estados Unidos é o surgimento de muitas mulheres com boa formação. O que está a acabar com a discriminação das mulheres no local do emprego é a sua ascensão profissional.

    Condeleeza Rice, a antiga conselheira para Segurança Nacional, é uma mulher com uma inteligência e capacidade fora do comum. Além de falar várias línguas, ela é uma pianista notável de música clássica. A escritora Anne Applebaum, escreveu uma vez que estava num almoço onde Condeleeza Rice era convidada de honra.

    Alguns homens estavam visivelmente intimidados por estar na presença desta grande intelectual. Mesmo se alguém queria fazer comentários sobre aspectos físicos da conselheira para Segurança Nacional ele teria que saber algo de valor sobre Relações Internacionais, a relação entre as composições de piano de Lizt e Grieg. Quaisquer pensamentos sobre os aspectos físicos da grande secretária não poderão ser manifestados.

    O candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, escolheu a Kamala Harris, congressista vinda do estado da Califórnia, como candidata para a Vice-Presidência. Os adversários dos democratas começaram a distribuir camisolas com escritos “Joe and the Hoe” que pode ser traduzido como o Joe e a prostituta.

    Várias empresas estão a recusar lidar com este tipo de camisolas por ser obviamente sexistas. Os adversários da Kamala Harris tentam lhe descrever com uma senhora duríssima — uma advogada formidável.

    Estas qualidades num homem são louváveis, porém, numa mulher são suspeitas porque a mulher ideal no mundo dos machistas deve ser altamente submissa. A ascensão das mulheres nos Estados Unidos está a resultar no seu poderio económico e, em organizações lideradas por mulheres, a cultura sexista não singra.

    No Ocidente, houve um tempo em que as mulheres, nalgumas profissões, estavam lá para servirem os homens como secretárias, enfermeiras, cozinheiras, lavadeiras. Muita coisa mudou na Segunda Guerra Mundial. No Reino Unido, de repente surgiu a necessidade de mão-de-obra para apoiar os esforços da guerra.

    As mulheres foram para as fábricas de munições. As outras mulheres foram para os órgãos de inteligência. Muitas pessoas quando imaginam um típico espião britânico vêm-lhes na mente o James Bond — homem alto, branco, grande sedutor.

    Bond foi a criação da imaginação do romancista Ian Flemming. Na realidade, a GrãBretanha sempre teve senhoras em destacados lugares nos seus serviços de inteligência, tendo, eventualmente, uma directora na pessoa de Stella Remington.

    A discriminação contra as mulheres só acabará através de um processo semelhante que visa acabar com o racismo. Os homens vão ter que aprender a saber o peso de estar em condições onde a sua aparência e não o conteúdo do seu carácter ou habilidades académicas conta mais.

    Da mesma forma que os negros passaram a não aceitar ser pagos menos que os brancos pelo mesmo trabalho, todos vão ter que saber sobre o dito “tecto de vidro” que impede o avanço de muitas mulheres.

    Muitas organizações estão a descobrir que a discriminação contra as mulheres não favorece o avanço das instituições. O mundo está cheio de talento. Naqueles lugares onde as mulheres florescem profissionalmente, a produtividade passa a crescer; o sexismo, ao fim do dia, impede o progresso…

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