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    Fome à solta nas ruas de Luanda

    São visíveis os sinais de fome em Luanda. Miúdos e adultos procuram nos contentores restos de alimentos para silenciarem as exigências do estômago, que deixou de receber a sua ração diária, na mínima variedade possível.

    Com a espiral inflaccionária a agitar o mercado, as famílias perderam há muito o poder de compra dos salários e estão hoje entregues à sorte e aos dictames da inflacção, que deitou por terra os planos do Governo de proteger os produtos da cesta básica.

    Boa parte deles importados e ao sabor das clientelas entregues, como sempre, aos grandes senhores do capital, ligados a grupos organizados de especuladores, com experiência adquirida nos países vizinhos, designadamente, a República Democrática do Congo e suas constelações no Médio Oriente.

    São eles que comandam o negócio de fronteira, Luvo e suas ramificações, dominam a nossa banca, que privilegia os detentores de moeda forte, que operam discricionariamente no mercado paralelo, ditando as regras a bel prazer.

    Se noutros países já actuavam de forma idêntica, em Angola não é diferente. São os reis da especulação, porque de negócio sabem eles e o resto é conversa!

    Resultado: temos em Luanda, a principal praça financeira do país, a ditar as regras da especulação, num mercado a funcionar de feição para os seus interesses e ao sabor das suas regras. Ou seja: navios ao largo da costa luandense, pejados de mercadorias essenciais, que sobem ao sabor da balança da oferta e da procura.

    O Governo, com os seus portos secos vazios perdeu o rasto e o controlo dos preços e deixa-se levar pela maré inflaccionária, colocando os consumidores, sem margem de resistência. Resultado: é nos contentores que as bolsas mais pobres, encontram solução para as reclamações do estômago.

    Nos hipermercados onde as refeições não vendidas vai direitinha para o lixo, depois de transformada em pasta, para sublimar qualquer tentação da massa trabalhadora, chega a ser revoltante a negação de um serviço de beneficência, que faça chegar aos semáforos de Luanda, onde as mãos da pobreza luandense suplicam todos os dias, por um gesto solidário dos automobilistas.

    É o panorama que se observa, quotidianamente, nas cercanias do Largo Sagrada Família e outros semáforos de Luanda. Curiosamente num país onde o peixe de qualidade, como o pargo e a garoupa podiam, outrora ser capturados à mão.

    E onde andam eles? Estão no fundo mar, como bem diz uma canção do conjunto Jovens do Prenda. E nós acrescentamos: a serem capturados por arrastões para outras mesas do mundo, restando para nós umas amostras de carapau e pescada congeladas, sabe-se lá, atiradas nalgum contentor, onde a fome sugere a procura, em desespero de causa. É triste!

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