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    Agitação popular na Etiópia faz quase 100 mortos

    Os protestos após a morte do cantor e activista da etnia oromo, Hachalu Hundessa, morto a tiro, segunda feira, provocaram uma onda de revolta popular, com um resultado de 97 mortos, de acordo com informações da polícia em Addis Abeba. A capital etíope regista uma semana de tensão, com lojas e residências pilhadas, e estações de abastecimento de combustível a arder, segundo notícia avançada pela MSN.

    Hundessa era uma personalidade bastante popular no país. O artista era considerado a voz do povo oromo durante os anos de protestos antigovernamentais que levaram o atual primeiro-ministro, Abiy Ahmed, ao poder em 2018. O funeral, transmitido em direto pela emissora de televisão da região de Oromia.

    O artista foi morto a tiros na segunda-feira e o assassinato gerou uma onda de protestos que contabiliza 97 mortos, segundo a polícia. Os episódios violentos começaram no início da semana quando um grupo de jovens nacionalistas oromo exigiu que o artista fosse enterrado em Adis Abeba e não em Ambo.

    Durante os protestos houve pilhagem de lojas e áreas residenciais. Três bancos foram assaltados, e quatro postos de combustíveis incendiadas.

    Num discurso à nação, o primeiro-ministro etíope, Ahmed Abiy, disse que o assassinato de Hachalu foi planeado e executado de maneira a provocar o caos no país. Na semana passada, o cantor tinha feito críticas à liderança do atual chefe de Governo.

    “O que nossos inimigos querem é que não terminemos o trabalho que começamos. Que o povo oromo, por essa razão, lute, seja morto, que sangue seja derramado e que a jornada que começamos seja prejudicada”, disse Abiy.

    O significado do trabalho de Hundessa é dimensionado pela revolta que tomou as ruas de Adis Abeba. “Era melhor não tê-lo conhecido. Estou com o coração partido. Hachalu não era um indivíduo qualquer. Ele é etíope e oromo puro. Estou com raiva. Isto está a me devorar por dentro”, diz o morador da capital etíope, Ishetu Alemu.

    O líder da oposição, Jawar Mohammed, um crítico do primeiro-ministro, foi detido durante os protestos. É considerado pelos oromo uma referência na defesa da Constituição.

    “A detenção dele é vista pelos oromos como uma tentativa de sequestrar e marginalizar a oposição antes das eleições”, explica Kjetil Tronvoll, professor de Estudos de Paz e Conflito na Universidade Bjorknes, em Oslo.

    Desafectos

    A Etiópia vive nos últimos anos uma grave instabilidade política. O direito à autogovernação e o fim das violações dos direitos humanos estavam no centro das demandas dos grupos de oposição. Hachala Hundessa forneceu a trilha sonora do movimento de protesto antigoverno liderado pelos oromos.

    O jornalista da DW, Merga Bula, afirma que o cantor e ativista teria alguns desafetos: “Posso dizer que há pessoas que não gostavam dos comentários dele e que poderiam tomar uma ação como esta”.

    O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, pediu “contenção por todos os lados” na Etiópia devido aos protestos contra o assassinato do cantor e activista Hachalu Hundessa, baleado na segunda-feira passada na capital Adis Abeba.

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