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    Silenciar jornais on-line é tapar o sol com a peneira

    Já tinha escrito há tempos algo relacionado com as redes sociais, em que algumas vozes autorizadas aconselhavam vivamente ao Governo silenciar as redes sociais, num processo primário e bárbaro, que desaconselho vivamente.

    É desperdício e até má fé, uma vez que Angola está inscrita na sociedade de informação digital, que governa o mundo, tendo a particularidade de gastar mais de 300 milhões de dólares, a construir um satélite, que iria transformar o país, numa referência a esse nível.

    Ao invés disso aconselho vivamente o Governo, a acompanhar, apoiar e encorajar, os que bem fazem, desenvolvem e gerem este tipo de actividade profissional nesses órgãos de comunicação social do futuro, porque na verdade é isso que eles são e encorajá-los a produzir e disseminar informação de interesse público, divulgação da nossa realidade política, social, económica e cultural.

    São agentes do desenvolvimento da nossa cultura e como tal devem estar inseridos num ramo de actividade, onde caberão os futuros profissionais saídos das nossas escolas de formação académica.

    Não devemos estar reféns dos nossos caprichos, gastando o pouco que temos a pagar serviços a terceiros, se não tivermos o cuidado de estimular quem já trabalha neste ramo e necessita de apoios para poder oferecer qualidade de serviço e associar no seu quadro técnico, mão de obra que as escolas estão a formar em quantidade e alguma tecnicidade.

    Ter um emprego estável é o que almeja, quem sai da universidade ou instituto superior e não consegue ingressar no sector público e exercer uma profissão para a qual deu parte do seu esforço intelectual.

    Se fizermos uma pesquisa ao sector da comunicação social, e em especial aos profissionais que exercem a profissão de modo efectivo, é deprimente notarmos que muitos desses quadros estão limitados, por não conseguirem sequer adquirir um simples computador onde possam exercitar o que aprenderam, simplesmente porque o nosso mercado está turbinado na filosofia do pronto pagamento, quando se podia muito bem encontrar soluções, para aquisição desta ferramenta tão importante nas nossas vidas.

    O jornalista devia inclusive ser portador de um cartão de crédito ou Visa, para poder adquirir on line, as ferramentas do seu trabalho informático não disponíveis no mercado e para as suas reportagens e missões no exterior, como é normal noutros países.

    Infelizmente é obrigado a olhar de soslaio para o desempenho da mídia estrangeira, que navega como peixe nas nossas águas territoriais, cumprindo a missão com sentido de oportunidade e rapidez. Não aprendemos ainda a ser práticos e a cumprir objectivos à confiança de quem trabalha para o bem do país.

    AS LIMITAÇÕES DO NOSSO MERCADO DE CONSUMO

    O mercado angolano não cumpre integralmente a sua função e isso constitui um enorme atraso científico e técnico, num país onde até uma camisa se podia comprar a prestações, bastando para isso que um comerciante ou funcionário público atestasse a idoneidade do eventual comprador, por escrito ou por comparência.

    Infelizmente não é o que acontece nos nossos dias, onde o sacrifício da compra à vista é uma obrigação e atestado de segurança e fiabilidade das relações comerciais. Desconheço o que diz o código comercial angolano, mas esta medida da venda a pronto é uma agressão sem paralelo ao consumidor, só tolerável pela desorganização em que se encontra presentemente o comércio no país, onde qualquer protegido, dum outro país desembarca em Luanda e desata a vender a mercadoria ao ar livre, através da rede de zungueiros, coitados, que era suposto estarem a trabalhar, numa fábrica ou outra unidade empresarial qualquer, protegidos pelas leis do trabalho e da segurança social.

    Nunca se viu tanta desorganização, desonestidade, desrespeito à mão de obra nacional, à classe que um dia já foi operária, mas que em função da constituição de uma falhada política de redimensionamento empresarial permitiu que as antigas fábricas que geravam riqueza e trabalho, se transformassem em meros armazéns de retém de mercadoria importada, sem qualidade reconhecida, nas mãos dos senhores que ganharam bens públicos alienados pelo Estado a preço de amigo.

    Hoje em Luanda já não há fábricas a empregar tanto e a motivar a imigração do campo para a cidade como antigamente. A nossa imigração é feita por conta da fome que assola o interior do país, em nome de um triste passado de guerra, que nos arrependemos, por termos caído na tentação de minar com explosivos, as zonas que garantiam a nossa sobrevivência alimentar.

    Foi um erro crasso da guerra, que hoje pagamos a preço elevado. Não podendo chorar pelo leite derramado, o que resta é desminar os caminhos do nosso desenvolvimento agrícola e traçar novos planos, como tem estado a acontecer.

    A nova indústria angolana está a armar-se de novos conceitos e tem de servir para absorver a mão de obra, que sobrevive a alimentar a venda de pronto de pagamento, que adia os sonhos do cidadão numa numa Angola, que já punha a sorrir muitas famílias, algumas delas, com olho clínico virado para o pequeno e médio negócio.

    Resumindo e concluindo: é necessário que o mercado tome conta do seu espaço, apenas reservado, a meia dúzia de indivíduos, que juraram pelas armas tornar o angolano num ser livre e senhor das suas riquezas. O que lamentavelmente não está ainda a acontecer.

    A pobreza só mora em nós na matéria e não no espírito, pois ele, o senhor espírito é prenhe de riqueza e determinação, que pode ser alcançada pelo trabalho justo, organizado e devidamente remunerado, de acordo com as regras da justiça e dos direitos humanos. O homem não transforma a natureza para sofrer!

     

     

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