A organização internacional de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) acaba de alertar para a possibilidade de violência pós-eleitoral em Angola devido às tensões acumuladas pela recente vaga de repressão e limitação da liberdade de expressão.
Em entrevista à Lusa, Lisa Rimli, analista da HRW para Angola, considera que os recentes casos de repressão, por vezes violenta, de manifestações “possam desembocar em violência de maior escala do que conhecemos na última campanha eleitoral”. Rimli, que acompanhou as eleições de 2008, diz que a situação hoje “é completamente diferente” e que o ambiente “é muito menos propício a eleições livres e justas”.
“Há muita tensão que está a amontoar-se”, afirma, lembrando o caso recente dos dois ex-combatentes que desapareceram após uma manifestação em Luanda, o que “criou um sentimento de terror” e receio de que o mesmo possa acontecer a outros activistas.
O factor decisivo para a ocorrência ou não de violência pós–eleitoral, diz, será a percepção de “credibilidade” da votação de 31 de Agosto. “Poderá haver uma reacção da sociedade a resultados que não sejam vistos como credíveis. Se o MPLA neste momento ganhar com 83%, a votação não vai ser vista como credível”, avisa a activista.
MPLA AMEAÇA RESPONDER A ‘MANIF’ DA UNITA
O MPLA promete organizar uma contramanifestação de apoio ao regime angolano se a UNITA cumprir a ameaça de sair à rua no próximo sábado para protestar contra alegadas irregularidades na preparação do acto eleitoral de 31 de Agosto. “Se eles quiserem fazer uma manifestação, nós vamos fazer uma contramanifestação, para eles verem a grande força do povo angolano”, disse ontem à Lusa o primeiro-secretário provincial do MPLA em Luanda, Bento Francisco Bento. O responsável do partido no poder disse ainda que as reivindicações da UNITA “não passam de ameaças” causadas pelo “desespero de verem que não conseguem fazer comícios nem concentrações de massas iguais às do MPLA”.
FONTE: Lusa
