Manifestações no Peru exigindo a renúncia da presidente Dina Boluarte deixaram 67 pessoas hospitalizadas em quatro dias de bloqueios de estradas e mobilizações em diferentes regiões do país, informou o Ministério da Saúde neste domingo (8).
“Durante as manifestações públicas em nível nacional, foram registradas 67 hospitalizações. Todos os pacientes recebem atendimento médico permanente”, disse o Ministério em sua conta no Twitter.
O relatório da pasta entre 4 e 8 de janeiro indicou que a maioria das pessoas hospitalizadas encontra-se na cidade andina de Puno (sudeste), onde na sexta-feira e no sábado houve fortes confrontos entre manifestantes e policiais.
Os protestos contra o novo governo recomeçaram na quarta-feira, após uma pausa para as festividades de final de ano.
Os manifestantes mantiveram bloqueios de estradas neste domingo em seis dos 24 departamentos do Peru, incluindo regiões turísticas como Puno, às margens do Lago Titicaca; Cusco, Arequipa, Madre de Dios, além de Apurímac e Ucayali.
No sábado, houve fortes confrontos entre manifestantes e policiais na cidade de Juliaca, na região de Puno – na fronteira com a Bolívia -, onde houve uma tentativa de invasão ao aeroporto.
A Defensoria do Povo informou que houve 16 feridos nos confrontos na região, incluindo quatro policiais.
Os protestos começaram em 7 de dezembro, depois que Boluarte, então vice-presidente, assumiu o governo em substituição a Pedro Castillo, destituído pelo Congresso após seu autogolpe fracassado ao tentar dissolver o Legislativo e sua prisão sob a acusação de rebelião.
Embora se considere de esquerda, Boluarte é vista como uma “traidora” pelas comunidades e militantes que apoiam Castillo. Os setores da direita que antes promoviam sua queda agora a apoiam.
Essas mobilizações acumulam 22 mortes em quase um mês. Segundo o ministro da Economia, Alex Contreras, esta crise de bloqueios de vias gerou perdas ao país entre 60 e 100 milhões de soles por dia (15 a 25 milhões de dólares).
Com o objectivo de estabelecer um diálogo “para alcançar a paz social”, Boluarte convocou para a próxima semana o “Acordo Nacional”, fórum que reúne os poderes do Estado, sociedade civil, grupos religiosos, sindicatos empresariais e trabalhadores.
Na tentativa de diminuir a tensão nas ruas, o Congresso aprovou a antecipação das eleições de 2026 para abril de 2024.