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    Partiu a cantora Juliette Gréco

    Faleceu aos 93 anos de idade Juliette Gréco, grande nome da música francesa, a par de outras grandes vozes como Edith Piaf ou Barbara. Juliette Greco, musa dos poetas e músicos do Paris do pós-guerra, foi também uma encarnação da mulher livre daquela época.

    Pequena silhueta vestida de negro e mãos finas, olhar escuro de amendoa e cabelo de cor de corvo, Juliette Gréco foi como o título de uma das suas canções “jolie môme”, a miúda gira de Saint-Germain-des-Près, aquele lugar mítico que cabe num pequeno quarteirão de Paris que concentrou no pós-segunda guerra mundial, artistas e escritores como Picasso e muitos outros.

    Nascida No dia 7 de Fevereiro de 1927, em Montpellier no sul de França, Juliette Gréco foi educada pelos avós em Bordéus no oeste, depois da separação dos pais e muito cedo mostrou interesse pelas artes, designadamente a dança que pratica na infância. Durante a segunda guerra mundial, em 1943, a mãe que fazia parte de resistência bem como a irmã são deportadas e ela própria permanece detida durante 10 dias em Fresnes, perto de Paris.

    Á saída deste período sombrio, Paris é uma festa e Juliette Gréco, que nem tem ainda 20 anos, é um das suas rainhas, ao actuar em cabarés como o conhecido “Tabou” no bairro de Saint-Germain-des-Près.

    Ela frequenta escritores como Jean-Paul Sartre, ou ainda Raymond Queneau, que vão escrever-lhe primeiros sucessos, como “Si tu t’imagines”. O elenco depois vai alargar-se para outros poetas como Prévert, Desnos, Vian Cosma, Aznavour ou ainda Gainsbourg de quem interpreta “La Javanaise”, a sua voz ecoando aos poucos fora de França.

    Mais tarde, já nos anos 2000 ela colabora com compositores mais contemporâneos, como Benjamin Biolay ou Abd Al Malik e, com 88 anos, faz uma digressão de despedidas em 2015. Gréco será contudo e para sempre a cantora do “deshabillez-moi”, canção escrita por Robert Nyel em 1967. Uma música à sua imagem, atrevida e feminista.

    O facto é que a sua beleza e acutilância não deixam indiferente. Ela terá uma relação em 1949 com o conhecido jazzman Miles Davis e nos anos 50 terá um casamento de 3 anos com um actor, Philippe Lemaire, pai da única filha que acaba por morrer em 2016. Ainda no plano pessoal, em 1966, ela casa com o recentemente falecido actor Michel Piccoli com quem permanece até 1977 e , mais de uma década depois, une o seu destino em 1988 a Gérard Jouannest, seu pianista e companheiro em palco.

    Retirada nos últimos anos em Ramatuelle no sul de França, partiu hoje deixando atrás de si músicas icónicas e o rasto cada vez mais ténue de um Paris poético e alegre.

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    FonteRFI

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