O Fórum dos Partidos Políticos, que apoiam o governo de transição da Guiné-Bissau, defendeu hoje que o PAIGC, maior partido do país, está representado no governo e em todas as estruturas de governação.
Em conferência de imprensa em Bissau, o Fórum considerou uma falsa questão a discussão sobre a entrada do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) nos órgãos de transição, afirmando que o maior partido já está representado, nomeadamente através do Presidente da República de transição, Serifo Nhamadjo.
Serifo Nhamadjo candidatou-se a Presidente nas eleições de março passado, contra a direção do partido presidido por Carlos Gomes Júnior, primeiro-ministro deposto e também ele candidato e vencedor da primeira volta.
Um golpe de Estado a 12 de abril interrompeu o processo eleitoral e Carlos Gomes Júnior e o Presidente interino, Raimundo Pereira, estão desde então em Portugal.
Apesar de todos se afirmarem do PAIGC, há hoje os dissidentes, que estiveram ao lado de Serifo Nhamadjo, e os que permaneceram ao lado de Carlos Gomes Júnior.
Na conferência de imprensa de hoje o Fórum (no qual não está representado o PAIGC) disse que no governo estão quatro ministros (Finanças, Economia, Recursos Naturais e Saúde) e quatro secretários de Estado do PAIGC, e que do mesmo partido são também um governador, seis administradores de setor, embaixadores no exterior e presidentes dos institutos e conselhos de administração.
“O Fórum desconhece em absoluto o PAIGC que reclama ficar de fora do processo político de transição”, disse Artur Sanhá, do PRS (Partido da Renovação Social, segundo maior partido).
Quanto à inoperância até agora da Assembleia Nacional Popular (ANP), Artur Sanhá considerou que o órgão se transformou “num instrumento de bloqueio total” devido a “desentendimentos friamente desenhados pelos deputados”, assentes apenas “na disputa de lugares pessoais e partidários”.
Artur Sanhá, que é atualmente o presidente da Câmara de Bissau, lembrou que o mandato da ANP termina este mês, “criando um vazio institucional” que pode pôr em causa todo o processo de transição. O Fórum, disse, irá contribuir “de forma decisiva na busca de uma solução”.
Tal como o governo de transição já tinha feito, o Fórum condenou o ataque a um quartel em 21 de outubro e responsabilizou a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), Portugal, Carlos Gomes Júnior, Zamora Induta (antigo chefe das Forças Armadas), Raimundo Pereira e Pansau Intchama (que terá dirigido o ataque) pelo ocorrido.
FONTE: Lusa