Sinto-me bem assim, simples, sem desejar aplausos e holofotes, mesmo que os tenha.
Sinto-me bem assim, encarando a vida como um mero desfile de passarell, onde eu sou a plateia de mim mesmo.
Sinto-me bem assim, usufruindo o carinho da multidão que me admira sem euforia, sem excessos, sem fanfarrices.
Sinto-me bem assim, sendo mais um famoso anónimo, mesmo que me rindo de quem corre em busca da fama, pensando que estará a resolver o seu mal de Alzheimer.
Sinto-me bem assim, vivendo um dia de cada vez, acreditando que tudo está traçado, nada altera o esboço, o percurso, mas o fim é para todos.
Sinto-me bem assim, longe dos palcos que exibem a nossa sede de vaidade, que afaga o nosso ego enrijecido de vontades ferrenhas.
Sinto-me bem assim, parecendo ninguém, mas sentindo-me o maior entre o meu mundo ilusório, no qual sou a voz e a vez.
Sinto-me bem assim, sem frescuras e pieguices de famoso, ciente de que não sou ninguém e não valho nada, apenas um pontinho qualquer no iceberg.
Sinto-me bem assim, exactamente assim, como você me conhece ou ouviu falar de mim.
… E assim pensei alto!