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    RDC: Tshisekedi remodela governo e nomeia ex-líder rebelde

    Félix Tshisekedi nomeou Jean-Pierre Bemba, que esteve detido por crimes de guerra e foi depois absolvido, como ministro da Defesa. A remodelação governamental acontece a menos de um ano das eleições presidenciais.

    O Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, nomeou para os cargos de ministro da Defesa e vice-primeiro-ministro do país Jean-Pierre Bemba, no âmbito de uma ampla remodelação governamental.

    Bemba, ex-vice-Presidente da RDC e antigo chefe militar, foi condenado em 2008 pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos entre 2002 e 2003.

    Em janeiro de 2003, um relatório preliminar da Missão das Nações Unidas na RDC acusou o Movimento de Libertação do Congo (MLC), de Jean-Pierre Bemba, de canibalismo contra a população de Ituri e de crimes de guerra e contra a humanidade na vizinha República Centro-Africana.

    Jean-Pierre Bemba recorreu da sentença e foi absolvido e libertado em junho de 2018.

    O regresso à política do antigo chefe militar, em dois cargos de peso, acontece quando faltam nove meses para as eleições presidenciais, agendadas para 20 de dezembro. Tshisekedi, que está no poder desde janeiro de 2019, deverá concorrer à reeleição.

    Analistas veem a nomeação de Bemba como uma tentativa de ajudar Tshisekedi a angariar votos no nordeste do país, devastado pela guerra, onde o grupo rebelde de Bemba foi popular nas décadas de 1990 e 2000.

    “Apesar da sua condenação pelo TPI, Bemba é um ‘peso-pesado’ da política que pode ajudar a campanha eleitoral de Tshisekedi”, explicou Benjamin Hunter, analista da empresa de avaliação de risco Verisk Maplecroft, citado pela agência Associated Press.

    Remodelação “urgente e necessária”
    A remodelação governamental, considerada pelo porta-voz do Presidente como “urgente e necessária”, foi anunciada na noite desta quinta-feira (23.03), na televisão pública.

    Outra surpresa foi a nomeação de Vital Kamerhe para a pasta da Economia. O antigo chefe de gabinete do Presidente foi condenado em junho de 2020 a 20 anos de prisão por desvio de dinheiros públicos, mas, no ano passado, a sentença foi anulada por falta de provas.

    Antipas Mbusa Nyamwisi, ex-líder rebelde da província de Ituri, foi nomeado ministro de Estado da Integração Nacional, enquanto Nicolas Kazadi manteve-se como ministro das Finanças.

    “Os cargos-chave são dados a políticos seniores que têm um grande eleitorado, mas pouca experiência. Kamerhe não é economista. Bemba era um rebelde, mas tem pouca formação militar formal”, explicou Jason Stearns, diretor do ‘Congo Research Group’ e professor na Universidade de Simon Fraser, no Canadá, em declarações à agência Reuters.

    A remodelação governamental surge depois da demissão, no final de dezembro, de dois ministros e uma ministra-adjunta, todos membros da plataforma Juntos pela República, dirigida por Moïse Katumbi, que abandonou a coligação governamental para se candidatar às eleições presidenciais.

    Enquanto isso, no leste da República Democrática do Congo, os conflitos intensificam-se. A província do Kivu do Norte é palco há mais de um ano de violência devido ao ressurgimento do grupo rebelde M23 (“Movimento 23 de Março”).

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