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    Paradoxos da política norte-americana no Méio Oriente

    (Colagem: Voz da Rússia)
    (Colagem: Voz da Rússia)

    Os EUA empreenderam ataques aéreos contra as posições militares do Estado Islâmico (EI) na Síria, ignorando a opinião das autoridades sírias. Em ótica de peritos, o carácter controverso e a falta de sagacidade estratégica põe em jogo o êxito dessa campanha militar.

    Os golpes já infligidos marcam um período crucial na luta do presidente Obama contra o EI, abrindo uma nova etapa arriscada da operação militar, sustentam peritos ocidentais. Antes disso, a administração dos EUA havia autorizado os bombardeios apenas do Iraque, dizendo “faltarem semanas ou até meses para o início de ataques aéreos na Síria”.

    Convém notar que os EUA estão atacando as posições do EI no território sírio sem pedir autorização ao governo do país. Tal abordagem tem provocado críticas da parte de Moscovo.

    Uma série de analistas afirma que Washington, ao se atrever a dar tal passo, procura de novo derrubar o regime de Bashar Assad, aproveitando para o efeito essa ocasião oportuna, constata o professor catedrático do Instituto de Países da Ásia e da África, Vladimir Isaev:

    “A política dos EUA no Oriente Médio me parece absurda. Se olhar bem para os últimos acontecimentos, veremos ser o Exército sírio que, para além de curdos, está enfrentando sozinho a investida do EI. Ora, fornecer armas para a oposição síria “moderada” e alvejar, ao mesmo tempo, as zonas ocupadas pelas tropas regulares da Síria, significa reforçar as posições do Estado Islâmico”.

    Ao EUA convinha, pois, alterar sua atitude para com a situação actual e unir os esforços com Damasco. Em vez disso, Washington procura combater o terrorismo, tentando desmantelar, no âmbito da doutrina de “exportação da democracia”, os regimes políticos que não podem cumprir com eficácia as tarefas do combate antiterrorista”.

    No meio de aliados dos EUA, há patrocinadores e inspiradores dos combatentes do EI contra os quais a coalizão tenciona lutar no território da Síria. Enquanto isso, a Turquia, acolhendo refugiados do Iraque, não quer tirar castanhas do fogo. O professor associado, perito em problemas do Oriente Médio da Universidade de Bilkent, Jeremy Salt (Turquia), opina:

    “A Turquia está ciente de que, no caso de ela interferir, poderá se envolver na guerra. Os planos dos EUA tampouco se conhecem: o presidente Obama afasta qualquer hipótese de operação militar terrestre, embora seja claro ser impossível se limitar aos ataques aéreos. A coalizão se aparenta muito fraca, integrando apenas os EUA e os países do golfo Pérsico”.

    Perante a premente necessidade de justificar a sua intrusão e a ingerência nos assuntos internos de países soberanos, Washington anda à procura de pretextos que lhes sejam convenientes para concretizar esse objectivo. Foi assim que os peritos comentaram as recentes informações sobre o surgimento de um novo grupo extremista sírio, encabeçado por um correligionário do “terrorista número um”, Osama bin Laden. Se chama Khorasan, visando a realização de actos terroristas nos EUA e nos países do Ocidente, adianta Stanislav Ivanov:

    “As informações sobre as ameaças lançadas pelo Khorasan foram fornecidas por iniciativa dos serviços especiais dos EUA. Parece uma imitação da luta contra o terrorismo para justificar, de algum modo, os hediondos homicídios de cidadãos europeus no Iraque.

    Se os serviços especiais norte-americanos tivessem recebido informações sobre a preparação de actos terroristas no seu território, não estariam a divulgá-las na imprensa. Estariam agindo de forma aberta e preventiva. Pondo a circular tais informações, a CIA espera receber mais verbas para seu financiamento.

    Não se exclui que o Khorasan, como uma célula da Al-Qaeda, existe e opera por um consentimento de Washington no território da Síria para fazer frente ao regime de Bashar Assad. Mas uma ameaça real vai partindo do Estado Islâmico que ergueu a cabeça com a ajuda dos EUA e de seus aliados, como o Qatar. É pouco provável que qualquer coalizão seja capaz de derrubá-lo dentro em breve. É que esse movimento goza de uma solidariedade e de apoio da população sunita do Iraque e da Síria”.

    Os analistas têm certeza que os ataques aéreos não serão suficientes, sendo condenados ao fracasso sem apoio das forças terrestres. Por isso, os EUA não se aproveitarão das vantagens que possuem agora. No entanto, as tropas sírias poderão derrotar os extremistas enfraquecidos por golpes aéreos.

    Assim sendo, tudo que Washington está fazendo presta um bom serviço a Damasco. Nisso consiste o maior paradoxo da política externa dos EUA nessa região.  (ruvr.ru)

    por Serguei Duz

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