O jornal britânico divulgou uma investigação sobre as atividades de Jorge Mendes, empresário que poderá ter violado as regras da FIFA no que diz respeito à regulação da ação dos agentes de jogadores, pela influência direta em fundos de investimento. Concretamente, o diário diz que o português, agente de futebolistas (e treinadores) e intermediário em muitas transferências, aconselha fundos a investir na compra de percentagens de passes de jogadores de clube em Portugal e Espanha, incluindo atletas que poderão ser representados por si.
“Jorge Mendes, o homem mais poderoso do futebol” é o título da investigação do jornal The Guardian que revela o envolvimento do empresário português Jorge Mendes como intermediário na compra de passes de jogadores.
O jornal britânico teve acesso a um documento datado de 2012 que envolve Jorge Mendes como participante e “conselheiro” de cinco fundos de investimento com mais de 127 milhões de euros para a compra e transferência de jogadores.
O fundo Quality Sports V Investiments LP compraria jogadores através de Gibraltar, um paraíso fiscal. A Gestifute, empresa de Jorge Mendes, é mencionada como uma importante conselheira no fundo, que ajudaria a “identificar jogadores”, a concretizar a parceria com clubes portugueses e espanhóis, e em que o empresário faria uso das suas “relações” com os clubes mais ricos da Europa.
No documento aparece também mencionado Peter Kenyon, antigo diretor executivo do Manchester United e do Chelsea.
“Inquestionável”, diz o The Guardian, “é o facto de o empresário atuar como agente de jogadores e está a ser pago por clubes como um intermediário de transferências. Uma prática que é condenada pela UEFA, pela Premier League e pela própria FIFA, alegando um grave conflito de interesses, já que o primeiro dever de um empresário é agir em prol dos interesses do seu cliente, o jogador, e não possuir parte dos seus direitos económicos e lucrar com a sua venda a outros clubes.
No documento da FIFA que regula a atividade dos agentes, há mesmo artigos que indicam que estes devem evitar “todos os conflitos de interesse” e impõe aos clubes que estes não devem pagar qualquer quantia de uma transferência ao agente do jogador. Proíbe ainda especificamente que o agente tenha qualquer interesse financeiro numa futura transferência do jogador que representam.
Mendes e o domínio no mercado português
Um dos gráficos apresentados pelo Guardian representa de forma expressiva o peso de Jorge Mendes no mercado português de transferências, nomeadamente dos três grandes. Mendes terá estado envolvido em 68% de todas as atividades e transações de jogadores de Sporting, Benfica e Porto, na década de 2001-2010.
O último relatório anual do Sporting listava oito jogadores cujos direitos económicos pertenciam maioritariamente a três das fundações aconselhadas por Mendes e Kenyon. Em declarações ao The Guardian, um responsável do Sporting disse que “está é uma situação com que o clube não concorda”. (rtp.pt)