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    Moçambique: “A RENAMO e toda a oposição precisam de se reconfigurar”

    O historiador francês Michel Cahen disse esta terça-feira (16.06) que a RENAMO precisa de repensar a sua actuação e não se limitar a mobilizar apoios em tempo de escrutínio, para não voltar a perder eleições.

    Durante uma videoconferência intitulada “A RENAMO pós-Dhlakama”, o historiador Michel Cahen defendeu uma maior acutilância da Resistência Nacional Moçambique (RENAMO) na vida política e social do país,

    “A RENAMO e toda a oposição precisam de se reconfigurar, para não chegarem às eleições gerais de 2024 enfraquecidos e perderem de novo”, defendeu Cahen.

    O principal partido da oposição, no seu entender, deve manter uma actuação permanente na vida política e social das comunidades, exprimindo o sentimento das populações e apresentando políticas alternativas.

    O historiador diz que “a RENAMO deve funcionar também fora dos períodos eleitorais e assumir-se como uma espécie de sindicato das populações que contestam o clientelismo e os abusos da FRELIMO”.

    RENAMO falhou no objectivo de ascender à liderança do país

    Uma contestação forte à Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder há 45 anos, passa também por uma mudança geracional na liderança da oposição, porque a elite do poder na RENAMO falhou no objectivo de ascender à liderança do país.

    “Tem de haver uma reconfiguração geracional na oposição, que permita o surgimento de novas ideias, porque a actual geração não conseguiu contestar a hegemonia da Frelimo”, considerou Michel Cahen.

    Michel Cahen avançou que se o principal partido da oposição se conformar com um papel secundário na política moçambicana vai acabar por se tornar irrelevante e provocar um distanciamento em relação à sua base social e ao eleitorado urbano desencantado com a FRELIMO.

    Ossufo Momade, “um militar urbano”

    O historiador classificou o atual líder da RENAMO, Ossufo Momade, como “um moderado”, assinalando que aceitou o estatuto legal de líder da oposição moçambicana, que foi rejeitado pelo seu antecessor no partido, Afonso Dhlakama, frisou.

    Por outro lado, Momade assinou no ano passado o Acordo de Paz e Cessação das Hostilidades Militares com o Presidente da República, Filipe Nyusi, e comprometeu-se com o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) do braço armado da RENAMO, referiu ainda aquele historiador.

    O facto de Ossufo Momade ser “um militar urbano”, que foi um comandante importante da guerrilha da RENAMO durante a guerra civil que terminou em 1992 e depois abandonou as matas para ir viver na capital do país, dá-lhe um cunho menos radical do que Afonso Dhlakama.

    Dhlakama era o dono da RENAMO

    “Afonso Dhlakama conseguia ser um líder político da cidade e um militar do mato”, comparou.

    Para aquele historiador, Afonso Dhlakama, que morreu em 2018, após cerca de 40 anos na liderança da RENAMO, dirigia a organização como dono e não apenas como presidente, o que explica a ausência de contestação à sua liderança.

    “Afonso Dhlakama nunca quis um número dois na liderança da RENAMO, ele não era apenas o presidente do partido, era também dono”, entende Michel Cahen.

    A RENAMO perdeu todas as seis eleições gerais realizadas na história do multipartidarismo moçambicano contra a FRELIMO.

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