O general Jamal Omar, representante do Conselho Militar de Transição no Sudão, anunciou que uma “tentativa de golpe de Estado” foi frustrada no país, sem precisar, no entanto, quando aconteceu a tentativa. “
Oficiais, soldados e membros dos serviços de informação, alguns dos quais aposentados, tentaram um golpe”, afirmou o general durante um discurso transmitido em directo, na televisão nacional.
“O Exército frustrou a tentativa e quatro soldados foram presos. Está em curso uma investigação, para determinar quem está por trás do golpe”, acrescentou.
O anúncio da tentativa frustrada foi feito na sequência de uma reunião entre representantes da junta militar no poder e os líderes dos protestos, para finalizar os termos de um acordo de transição. “Foi uma tentativa de bloquear o acordo alcançado entre o Conselho Militar de Transição e a Aliança para a Liberdade e Mudança, que visa abrir o caminho para o cumprimento dos pedidos do povo sudanês”, classificou o general Jamal Omar.
No final da semana passada, as duas partes anunciaram que chegaram a um acordo sobre o órgão encarregado de gerir a transição, por um período de cerca de três anos.
O entendimento prevê, que os militares presidam àquele órgão durante os primeiros 21 meses, e os civis durante os 18 meses restantes. No sábado, o conselho comprometeu-se a “aplicar” e “preservar” o acordo. O texto final deve ser assinado nos próximos dias.
Os dois lados, também, acordaram a realização de “uma investigação completa, transparente, nacional e independente dos vários incidentes violentos e lamentáveis nas últimas semanas”, acrescentou um representante da União Africana (UA), que juntamente com a Etiópia serve de mediador da crise no Sudão.
Os líderes dos protestos exigiam uma investigação independente e internacional sobre a dispersão sangrenta dos manifestantes concentrados no exterior do quartel-general do Exército, a 3 de Junho, que fez mais de uma centena de mortos, segundo médicos próximos da contestação, 61 mortos, de acordo com as autoridades.
Por fim, os militares e os manifestantes concordaram em “atrasar” o estabelecimento de um “conselho legislativo”, que deve funcionar como um Parlamento de transição, até que sejam formados o Conselho Soberano e um Governo civil.