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    Massacre influenciou revoltas posteriores

    A FNLA destacou a influência do Massacre da Baixa de Cassanje, a 4 de Janeiro de 1961, para o assalto ao paquete Santa Maria, no mesmo mês e os acontecimentos do 4 de Fevereiro e 15 de Março do mesmo ano.

    Numa declaração alusiva ao 60° aniversário do Dia dos Mártires da Repressão Colonial, assinalado na segunda-feira, o secretariado do Bureau Político da FNLA refere que o Massacre na Baixa de Cassanje influenciou o assalto ao paquete Santa Maria, em 22 de Janeiro, por Henrique Galvão e alguns oposicionistas portugueses e espanhóis, bem como os acontecimentos de 4 de Fevereiro de 1961, cujos revoltosos, arregimentados por Neves Bendinha, tinham em Cónego Manuel das Neves a figura ideológica.

    Para a FNLA, o 4 de Janeiro de 1961 influenciou, igualmente, a revolta de 15 de Março do mesmo ano, cujos feitos, na óptica do partido fundado por Holden Roberto, “determinaram a queda do regime colonial fascista português, 14 anos mais tarde”.

    “A revolta da Baixa de Cassanje foi o laboratório onde foram construídas as fórmulas que estiveram na base da explosão nacional que impeliu o colonialismo do solo pátrio. Foi nesta região onde os estrategas da UPA (antecessora da FNLA), dentre os quais Rosário Neto, João César Correia, o Comandante António Mariano e o destemido Soba Teka-Diakinda, ensinaram as técnicas da guerrilha que foram magestralmente aplicadas em 4 de Fevereiro e 15 de Março de 1961”, sublinha a declaração.

    De acordo com a FNLA, foram aqueles compatriotas que, durante longos meses, encaminharam orientações da direcção da UPA às células da região.

    “O engajamento construtivo dos activistas da UPA disseminados na região algodoeira da Baixa de Cassanje acabou por influenciar as populações nas suas reivindicações sociais e laborais, com forte pendor nacionalista”, considera.

    A reacção das autoridades coloniais portuguesas saldou-se num brutal acontecimento conhecido por “Massacre da Baixa de Cassanje”. A FNLA diz que foi o governador do então distrito de Malanje, o cabo-verdiano Júlio Monteiro, quem ordenou o massacre, supostamente após ter sido informado pela PIDE da presença dos guerrilheiros da UPA na região.

    Volvidos 60 anos, a lição que a FNLA tira daquele acontecimento é a de que “não é possível apagar o passado e não podemos baixar a guarda”.

    Para o partido liderado por Lucas Ngonda, “o combate é contínuo, desta vez, não com armas na mão, mas com as mentes, corações e com a fé no povo, sobretudo nos jovens, para quem sonhamos uma Angola livre e justa”.

    No acto central do Dia dos Mártires da Repressão Colonial, realizado no Namibe, o ministro da Defesa Nacional e Veteranos da Pátria, João Ernesto dos Santos “Liberdade”, disse que a “acção corajosa e heroica” dos camponeses da Baixa de Cassanje, em 1961, fez renascer a esperança do povo angolano e a convicção de que era possível derrubar o colonialismo português.

    Segundo João Ernesto dos Santos “Liberdade”, a acção heroica dos angolanos passou a constituir uma referência no longo processo de luta dos povos pela autodeterminação, situação que agudizaria a repressão colonial na vã tentativa de quebrar os anseios pela Independência de Angola.

    Início da revolta

    Segundo historiadores, a revolta da Baixa de Cassanje começou em Outubro de 1960, quando os camponeses recusaram receber sementes para plantarem em Janeiro.

    A 4 de Janeiro tem lugar a Revolta da Baixa de Cassanje, com a participação de milhares de trabalhadores dos campos de algodão da companhia luso-belga Cotonang.

    As duras condições de trabalho e de vida e a constante repressão foram os principais factores que deram origem à sublevação. Os trabalhadores decidiram fazer greve e armaram-se de catanas e canhangulos (espingardas artesanais). Em resposta, a força aérea portuguesa lançou bombas incendiárias provocando milhares de mortos.

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    FonteJA

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