Um tribunal venezuelano ordenou sexta-feira a libertação de 10 estudantes presos há 35 dias, entre eles uma luso-descendente de 23 anos acusada de terrorismo por se manifestar contra uma resolução do Ministério de Educação venezuelano.
Caracas, 31 mai (Lusa) – Um tribunal venezuelano ordenou sexta-feira a libertação de 10 estudantes presos há 35 dias, entre eles uma luso-descendente de 23 anos acusada de terrorismo por se manifestar contra uma resolução do Ministério de Educação venezuelano.
“A minha filha está livre, já emitiram a ordem de libertação”, disse Ingrid Maldonado, mãe da jovem luso-descendente, à agência Lusa.
Segundo Alfredo Romero, diretor da organização não governamental Foro Penal Venezuelano, três dos jovens saíram em “liberdade plena” enquanto aos outros sete, entre eles Aíram Araújo Maldonado, foi imposto um regime de apresentações mensais em tribunal.
Estudante do terceiro ano de Engenharia Civil, na Universidade Santa Maria, a jovem luso-descendente, residente em Santa Fé, a sul de Caracas, participou em protestos contra uma resolução do Ministério da Educação que criou os “Conselhos Educativos” que estão a ser contestados como instrumentos de promoção ideológica do governo nas salas de aula e de supressão do pluralismo.
Segundo a mãe, a jovem foi presa a 26 de abril “quando regressava a casa no final de uma manifestação em Caracas (…), foi perseguida, detida e agredida com uma arma na cabeça”.
A detenção da jovem luso-descendente ocorreu um dia depois de o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela sentenciar que qualquer concentração ou manifestação pacífica tem que estar previamente autorizada e que o direito de protestar, apesar de consagrado na Constituição, não é absoluto e admite restrições.
Fontes judiciais adiantaram à agência Lusa que depois de detida a jovem foi levada para o Forte de Tiúna (principal base militar de Caracas) e três dias mais tarde foi presente a um juiz que ordenou a sua detenção no Instituto Nacional de Orientação Feminina (INOF) de Los Teques, 20 quilómetros a sul da cidade capital do país.
Há mais de três meses que se registam protestos diários na Venezuela devido à crise económica, inflação, escassez de produtos, insegurança, corrupção, alegada ingerência cubana e repressão por parte de organismos de segurança do Estado.
Alguns protestos degeneraram em confrontos violentos, durante os quais morreram pelo menos 42 pessoas, incluindo dez polícias ou militares. Por outro lado, mais de 870 pessoas ficaram feridas e 3.210 foram detidas, das quais 224 continuam presas.
Mais de dez polícias foram detidos e estão em curso 180 investigações por alegadas violações de direitos fundamentais dos manifestantes. (msn.com)