As notícias falsas matam a liberdade de expressão e de imprensa. Mas há notícias verdadeiras cujo conteúdo demonstra que nenhum tipo de liberdade deve ser dado como garantido.
“O regime transformou os média públicos numa paródia. O debate acabou. As estações de rádio e os canais de televisão do Governo nada mais são do que uma plataforma de propaganda que recorre inequivocamente a silêncios, mentiras, censuras, insultos e calúnias contra quem não concorda ou critica o regime”. Desafio o leitor a adivinhar a que país se refere esta realidade. Não, não estamos a falar da Venezuela nem de El Salvador. Estamos a falar da Polónia, membro de pleno direito da União Europeia (UE).
A realidade polaca foi descrita daquela forma crua e chocante por Maciej Stasinski, editor-chefe na “Gazeta Wyborcza”. “Nunca, desde o início da transição democrática em 1989, a conduta do Governo se assemelhou tanto à propaganda do extinto regime comunista”, acrescentou Stasinski, perante uma plateia composta por editores e diretores de média da América Latina e da UE, que estiveram reunidos ao longo da última semana em Madrid. As liberdades tão prezadas pelos arautos do sonho europeu nunca estão garantidas. A ovelha negra polaca não anda sozinha. A democracia húngara enfrenta problemas semelhantes. A ausência de dramatismo, em torno destas questões, nas altas instâncias europeias só contribui para a sua normalização. Fica o alerta.
As notícias falsas são outra das ameaças importantes, atingindo todos os países, mais ou menos democráticos. Longe vai o tempo em que a comunicação social era o único transmissor de informação. As redes sociais permitem a comunicação de todos para todos, mas a falta de regulação comporta riscos. As perdas decorrentes das “fake news” afetam quer o jornalismo sério quer os cidadãos em geral. Quem está mal e menos informado é um alvo fácil da manipulação.
*Editor-executivo-adjunto