(Foto: D.R.)
Fábrica, localizada perto da FILDA, em Luanda, vai produzir 13 mil litros de leite por dia no próximo ano, fruto do investimento numa nova linha de produção. Iogurte, manteiga, sumo e queijo completam a gama de produtos da empresa.
A Lactiangol vai duplicar a capacidade de produção de leite para cerca de 13 mil litros por semana, fruto das obras de ampliação da capacidade e modernização em curso na fábrica, em Luanda, cujo término está previsto para o terceiro trimestre de 2015, revela ao Expansão o presidente do conselho de administração da empresa.
Segundo José César Macedo, o reforço resultará da implementação de uma nova linha de produção e do investimento que está a ser feito na unidade, localizada próximo da FILDA. Após as obras, garante, haverá uma Lactiangol mais moderna e maior.
A produção de leite é a única que registará um aumento significativo, visto que o melhoramento da capacidade de produção dos outros produtos não passará pela instalação de novas linhas.
Naturalmente, com a melhoria dos serviços técnicos de apoio à produção, todas as linhas vão ter um aumento de capacidade, mas a nossa aposta é no leite, explica o gestor. Teremos uma segunda linha totalmente nova para produção do leite, as outras serão melhoradas e modernizadas, haverá aumentos, mas não tão significativos como com a produção do leite, adianta.
A aposta no aumento da produção do leite explica-se pelo facto de este ser o produto que garante o maior volume de vendas da empresa – cerca de 40%. A manteiga e o iogurte valem cerca de 20% e 18% do total, respectivamente, segundo estimativas do responsável da empresa, que também produz sumo e queijo.
Actualmente, a capacidade de produção de manteiga é de 2,5 toneladas por dia, a de iogurte sólido de 40 mil embalagens (ou 4 mil litros) por dia, e a de iogurte líquido ronda as 10 mil embalagens por dia. Orçada em cerca de 17,450 milhões USD (cerca de 1,8 mil milhões Kz), a obra em curso será financiada em cerca de 70% pelo Banco de Desenvolvimento de Angola, enquanto os restantes 30% serão garantidos por fundos próprios da empresa.
Ainda que com reservas, o gestor da empresa perspectiva para o ano em curso um crescimento nas vendas na ordem dos 10%. No ano passado, a Lactiangol facturou cerca de 35 milhões USD (3,5 milhões Kz) .
Estamos em meados do quarto trimestre, que tem sido de grande consumo, por isso é prematuro apresentar números reais do que será este ano, mas posso dizer que estamos cientes de que, no sector privado, cresceremos 8% a 10% em face a 2013, ano em que o nosso volume de venda andou próximo dos 35 milhões USD, explica.
Segundo o responsável, este ano a empresa apostou forte na penetração dos produtos no mercado, uma tarefa que considera difícil, tendo em conta a paixão pela importação das grandes superfícies. O balanço é positivo, fizemos um grande esforço de penetração, temos os nossos produtos no mercado, embora sempre com o grande problema, que é o facto de as grandes superfícies preferirem a importação, contrariamente aos consumidores, que, sempre que encontram, preferem a produção nacional, afirma.
Em 2015, revela, o primeiro grande objectivo é a conclusão da obra, seguindo-se a certificação internacional de qualidade e o lançamento de novos produtos.
Iogurte tem mercado para vender mais
O peso de cerca de 18% que as vendas do iogurte representam no volume global da empresa, no entender de José César Macedo, poderia ser maior, tendo em conta o mercado de consumo, que é grande. O problema é que o consumidor continua a ser confundido, a comprar sobremesa láctea pensando ser iogurte, lamenta José César Macedo, que explica que esta realidade faz com que a empresa utilize apenas 60% da capacidade instalada para produção de iogurtes.
A queixa, aliás, não é nova, e os produtores têm-se batido para que seja feita uma lei que proíba a entrada no País de sobremesas lácteas como se fossem iogurtes. Questionado sobre se os produtores, perante o vazio legal, não deveriam optar por uma estratégia de apostar em publicidade, explicando as diferenças entre o iogurte e as sobremesas lácteas, José Macedo admite que sim, mas defende que esse investimento deve ser feito pelas instituições de defesa dos consumidores, sobretudo devido às limitações financeiras dos produtores nacionais.
Os recursos da produção nacional são limitados, os produtores têm um grande desafio, que é produzir com qualidade, por isso essa campanha deve ser assegurada pelos órgãos e instituições governamentais e de defesa dos consumidores, argumenta, considerando que o apoio institucional se justifica face ao crescimento do mercado de produção do iogurte.
Menos produtos, mais variedades Sobre a mesa onde está exposta a gama de produtos da empresa, no gabinete de trabalho do presidente do conselho de administração, onde o Expansão foi recebido, é notória a ausência de um produto que, nos anos 90, esteve entre os destaques da produção da Lactiangol – os gelados. A ausência tem anos, confirma José César Macedo, explicando que o produto não era economicamente rentável, sobretudo devido à política de distribuição que impunha a compra de frigoríficos para os revendedores.
Pela mesma razão – fraca rentabilidade -, a empresa abandonou também a produção de leite condensado e em pó, que fez mais recentemente. Contrariamente ao que diz, aumentámos a gama de produtos. Tínhamos um tipo de leite, actualmente temos quatro; tínhamos um tipo de manteiga, temos três; tínhamos quatro tipos de iogurtes, hoje temos 16; tínhamos dois sabores de sumos, agora temos quatro; temos actualmente seis tipos de sobremesas lácteas, quando antes tínhamos dois, recorda.
Inaugurada em 1994, a Lactiangol recorre aos mercados internacionais para a aquisição da matéria- prima, devido ao défice da capacidade de abastecimento de leite no País. (expansao.ao)
