O embaixador de Angola na República da Itália, Florêncio de Almeida, abordou, hoje, segunda-feira, em Roma, os desafios de Angola para a pacificação da região dos Grandes Lagos, onde alguns países enfrentam ainda instabilidade.
Convidado a dissertar no Centro de Estudos Internacionais italiano (CeSI, na sigla italiana), o diplomata partilhou a experiência do seu país, na qualidade de presidente da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), e o seu papel de liderança no Golfo da Guiné.
Para Florêncio de Almeida, a paz e a segurança são condições essenciais para o desenvolvimento da democracia, do estado de direito e para a promoção dos direitos humanos, premissas indispensáveis para que o continente africano possa realizar plenamente o seu potencial.
Nesse âmbito, afirmou que quando Angola assumiu a presidência da CIRGL, encontrou desafios vários, que consistiam, na sua maioria, em restaurar o clima de paz na região, tendo o presidente José Eduardo dos Santos introduzido uma dinâmica diferente na organização.
Esta dinâmica está consubstanciada na convocação de cimeiras e mini-cimeiras, onde todos os assuntos eram analisados minuciosamente, para que se encontrar soluções aos problemas que afligem as várias sub-regiões dos Grandes Lagos.
Florêncio de Almeida explicou que desde o advento da paz a 4 de Abril de 2002, Angola tem ganho uma relevância internacional cada vez maior na resolução de conflitos, e por esse facto tem transmitido a sua experiência, no quadro dos esforços e iniciativas de paz e estabilidade, na República Democrática do Congo, Burundi, República Centro-Africana e Sudão do Sul, países da região com instabilidade política e militar.
Contudo, acrescentou o diplomata angolano, continuam a persistir problemas bastante difíceis e complexos que se reflectem na prevalência dos ciclos de violência no leste da RDC, na consequente instabilidade na fronteira com os países vizinhos, afirmando que, como consequência, o seu país acolheu nos últimos dias mais de 11 mil refugiados na província da Lunda-norte.
Sublinhou que, apesar do contexto difícil, Angola tem sido um importante factor de paz e estabilidade regional e continuará a contribuir para o seu restabelecimento e preservação ao nível das sub-regiões a que pertence.
Florêncio de Almeida reiterou a posição do seu governo de privilegiar o diálogo e obter consensos entre os países da região para a concretização da estratégia comum que visa restabelecer e consolidar a paz e a estabilidade política e promover o progresso e a prosperidade na região dos Grandes Lagos.
Destacou igualmente o contributo do seu país ao nível da União Africana e das Nações Unidas para estabilidade e segurança universal.
Ao concluir a sua dissertação, sustentada com slides, o embaixador falou também da participação de Angola nos esforços de combate a pirataria marítima no Golfo da Guiné, procurando desenvolver uma política de engajamento construtivo com outros países da região.
Acrescentou que, para além da profunda cooperação que Angola desenvolve a nível regional, o país tem reforçado a sua capacidade de monitorização da sua própria costa, tendo feito alusão a participação recente de tropas angolanas no exercício “Obangame Express 2017”, focalizado na área da segurança marítima e visou testar as forças marítimas em operações navais e aumentar a capacidade e agilidade dos países do Golfo da Guiné, no combate às ameaças na região.
Neste capítulo, o embaixador enalteceu particularmente a cooperação bilateral com a Itália, já que o programa de protecção costeira assenta no fornecimento de material e transferência de know-how da indústria da defesa italiana.
O Ce.SI, sendo um dos principais centros de estudos e de análise geopolítica da Itália, pretende implementar uma parceria regular com instituições angolanas, a fim de difundir a sua realidade junto de decisores políticos e académicos. (Angop)
