A ministra do Planeamento salientou, ontem, em Luanda, a importância dos Estados africanos diversificarem as economias e deixarem de depender de um recurso natural.
Ana Dias Lourenço disse que sair da economia de enclave – dependente de um ou dois recursos – deve ser uma decisão urgente dos Estados e que o processo se deve basear na diversificação e transformação estrutural.
A ministra discursava no colóquio sobre “Ligação do Sector Extractivo de Enclave à Economia Doméstica Africana: A Promoção do Conteúdo Local é uma Panaceia?”, que assinalou a abertura do 117º Conselho Consultivo do Afreximbank.A promoção de valores a partir de recursos nacionais, afirmou, deve ser vista como pressuposto básico para um processo de desenvolvimento autosustentado, que conduza à transformação e diversificação de estruturas económicas de um país.
“A promoção de conteúdos locais deve ser realizado, olhando para fora do país e em simultâneo para dentro do continente, com identificação de fontes locais de crescimento, que despertem o interesse de potenciais parceiros, com economias complementares”, sublinhou a miniatra.
Sobre a “economia de enclave”, declarou que para que possa ser veículo de desenvolvimento sustentável é necessário definir objectivos e estratégias de longo prazo na valorização sustentável dos recursos internos, promover a diversificação económica e apoiar o desenvolvimento de uma classe empresarial nacional. “Uma economia de enclave, na sua versão mais recuada e dependente, caracteriza-se por uma fortíssima dependência de toda a economia face a um sector de actividade, casos de um recurso mineral, petróleo, produto agrícola ou de matéria-prima”, precisou a ministra do Planeamento.
Ana Dias Lourenço afirmou que a dependência é expressa pela obtenção de divisas e de receita fiscal quase em regime de monopólio, existindo um controlo total sobre a economia nacional.
Uma economia de enclave, disse, não gera factores de dinâmica económica e é suportada por vantagens competitivas estáticas e dependente do exterior, do ponto de vista tecnológico, financeiro e de mercado.
Medidas para valorização
A ministra do Planeamento explicou que para uma economia de enclave tornar-se veículo de desenvolvimento sustentável é necessário a valorização dos recursos, integrar o mercado interno, substituir as importações e alargar a base exportadora.Ana Dias Lourenço refere que as dificuldades para manutenção da estabilidade económica, política e sociais observadas em alguns países explicam o relativo atraso de várias nações africanas. Os recursos naturais, acrescentou, para serem transformados em riqueza devem estar associados a factores como estabilidade, tecnologia, capital humano e fontes de financiamento adequadas. A ministra afirmou, por outro lado, que apesar do cenário de baixo nível de desenvolvimento económico e social, as taxas de crescimento apurados e projectadas pelo FMI indicam como favoráveis as perspectivas de África nos próximos anos.
Ainda segundo dados da instituição o desempenho já foi retomado no período pós crise, o que propiciou um crescimento de 2,8 por cento aos países da África subsaariana. As projecções apontam para uma continuidade de crescimento nos próximos três anos.
in Jornal de Angola