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    Bolsonaro aponta à reeleição e dá “nota 10” a Sérgio Moro

    Expresso | JOÃO DIOGO CORREIA

    “Meu muito obrigado a quem votou e a quem não votou em mim também. Lá na frente todos votarão, tenho certeza disso”, afirmou o Presidente brasileiro, no cargo há seis meses, antes de participar na Marcha para Jesus

    Pela primeira vez desde que foi criada, em 1993, a Marcha para Jesus, o maior evento evangélico do Brasil, contou com a participação de um Presidente da República. Jair Bolsonaro ali estava, na zona norte de São Paulo, para mais uma vez lembrar o slogan de campanha, “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. No feriado do Corpo de Deus, 20 de junho, Bolsonaro disse que “foi Ele quem nos deu a Presidência” e agradeceu a oportunidade “de estar vivo”, numa referência ao atentado de que foi vítima ainda durante a corrida ao Palácio do Planalto. Em frente a uma multidão de fiéis, o atual Presidente aproveitou para reforçar o laço com os evangélicos, que o apoiaram na campanha e que, nas palavras do próprio, “foram decisivos para mudar o país.”

    A novidade tinha chegado, porém, horas antes, em Eldorado, também em São Paulo, a cidade onde foi criado e passou boa parte da infância e adolescência. Num vídeo publicado no Twitter, Bolsonaro documentou a chegada e a receção dos conterrâneos. No discurso que se seguiu, abriu a porta a uma eventual recandidatura à cadeira da presidência. “Meu muito obrigado a quem votou e a quem não votou em mim também. Lá na frente todos votarão, tenho certeza disso.”

    As palavras vão contra o que o próprio já tinha afirmado em mais do que uma ocasião. Quando ainda disputava a segunda volta das eleições presidenciais, o então candidato mostrou-se favorável ao fim da figura da reeleição: “No caso, começa comigo, se eu for eleito”. Quando foi, Bolsonaro recuou na intenção, dizendo que não podia afirmar “eu não vou concorrer à reeleição”, mas que abria a porta a essa hipótese “se a gente conseguir fazer um grande acordo para aprovar a reforma política” (que acabaria com qualquer reeleição presidencial). Com as declarações desta tarde, renascem as dúvidas sobre aquilo que, para o capitão na reserva, é “um dos grandes problemas do Brasil na política”.

    Já este ano, numa entrevista à revista Veja, Bolsonaro falou sobre as dificuldades que tem sentido. “Já passei noites sem dormir, já chorei para caramba também. Angústia, né?”

    VAZA JATO. “QUANDO VOCÊ DESCONFIA DO SEU MARIDO, O QUE FAZ COM ELE?”
    O Brasil vive há dez dias em suspenso, desde o momento em que foram lançadas as primeiras notícias, pelo site The Intercept Brasil, dando conta da interferência do juiz Sérgio Moro na acusação da operação Lava Jato. Envolvendo, entre outros, o ex-presidente Lula da Silva, o processo viria a ser julgado pelo próprio juiz, mais tarde escolhido para o cargo de Ministro da Justiça, que vê agora serem tornadas públicas as mensagens que trocou com os procuradores da chamada ‘força-tarefa’ do mega processo de combate à corrupção. As conversas, as sugestões dadas pelo juiz e a alegada ajuda que foi prestando à acusação podem vir a custar-lhe, entre outras coisas, o cargo.

    Esta quarta-feira, numa audiência de nove horas no Senado, Moro admitiu pela primeira vez a possibilidade de abandonar o lugar de ministro, caso se confirmem as irregularidades da sua conduta. O juiz, bem como os seus defensores, têm usado como defesa a suposta “ilegalidade” na obtenção das mensagens privadas, além do “sensacionalismo” da investigação. Mas no Senado Moro chegou a argumentar, também, com uma alegada manipulação das mensagens.

    Jair Bolsonaro reagiu à audiência do seu ministro com “nota dez”. “Subiu no meu conceito. Apesar que ele não poderia crescer mais do que já cresceu”, disse o presidente brasileiro, numa das visitas do dia. O político foi mais longe: “Quando você desconfia do seu marido, o que faz com ele? Eu não estou desconfiado de ninguém.”

    O Intercept tem prometido (e cumprido) novas revelações ao longo das semanas. A partir de um arquivo de milhares de mensagens trocadas na rede Telegram — e cuja fonte o site não divulga —, que inclui mensagens privadas, gravações em áudio, vídeos, fotos, documentos judiciais e outros itens, as “reportagens revelam comportamentos antiéticos e transgressões que o Brasil e o mundo têm o direito de conhecer.”

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