O comércio rural passa a beneficiar de apoio financeiro, nos próximos dias, anunciou a ministra do Comércio, Rosa Pacavira, durante um encontro com os responsáveis e membros de cooperativas de agricultores da Matala.
A ministra assegurou que os financiamentos, num total superior a seis mil milhões de kwanzas, já estão disponíveis e estão a cargo dos bancos de Poupança e Crédito (BPC), Sol, Keve e Fomento Angola (BFA).
Rosa Pacavira disse que em cada província, o programa vai ser dirigido pelos governadores. Numa primeira fase, esclareceu a ministra Rosa Pacavira, os bancos vão ceder crédito entre os 250 e os 300 milhões de kwanzas.
Os créditos do comércio rural têm um período de dois anos de carência e juro de 3,5 por cento.
Os que receberam apoios financeiros em 2011 e ainda não os reembolsaram, não beneficiam deste apoio até que liquidem as dívidas. “Estamos a fazer uma digressão pelas províncias com o objectivo de relançar o comércio rural. É uma estratégia nacional do comércio rural, mas com especificidade para cada província do país”, afirmou.
A ministra do Comércio disse que as visitas servem para interagir com as províncias e criar uma estratégia que esteja de acordo com as preocupações das populações a serem contempladas com o crédito. O programa, esclareceu a ministra, comporta também a modalidade da troca directa.
“Há camponeses que têm cabritos que custam cinco mil kwanzas cada e podem não querer dinheiro. Ele pode ir a uma loja, a ser criada no campo, e ter a opção de trocar o cabrito por produtos, como sal e peixe no valor equivalente ao custo do animal”, afirmou Rosa Pacavira.
A ministra acrescentou que o programa define ainda a modalidade da criação de infra-estruturas para a comercialização: armazéns com câmaras frigoríficas de conservação e lojas.
O aumento da produção e da produtividade com a assistência técnica aos camponeses é outra vertente constante do programa de promoção do comércio rural.
Merenda escolar
A ministra do Comércio, Rosa Pacavira, anunciou que 20 por cento da verba da merenda escolar se destina à compra da produção dos camponeses, visando o reforço da merenda escolar. “Tivemos encontros com o Banco de Desenvolvimento Angola (BDA) e há financiamento disponível para o arranque do programa. Estão em curso projectos que visam criar estruturas que sirvam o agente logístico rural, que é o intermediário entre os camponeses e os logísticos”, disse Rosa Pacavira.
Agente logístico
O agente logístico vai ter a responsabilidade de adquirir os produtos aos camponeses e colocá-los nos armazéns comunitários, donde são encaminhados para o centro logístico de distribuição.
A ministra do Comércio esclareceu que o seu ministério está a trabalhar com o Governo Provincial da Huíla, para se encontrarem áreas onde seja construído o centro logístico que vai absorver os produtos dos camponeses organizados em cooperativas, antes de serem comercializados.
Rosa Pacavira afirmou que cada cooperativa vai receber um camião ou uma carrinha. Para a área das pescas, o programa do comércio rural vai distribuir carrinhas frigoríficas às cooperativas pesqueiras, numa acção conjunta com os bancos.
A ministra Rosa Pacavira assegurou que o Ministério do Comércio é o avalista dos créditos a serem concedidos no quadro do programa do Comércio Rural. “Temos uma direcção criada para o Comércio Rural e o Empreendedorismo e estamos a afinar a estratégia em cada província, em função das suas potencialidades e especificidades”, afirmou Rosa Pacavira.
Durante a sua visita à Matala, a ministra disse ter constatado a paralisação da fábrica de processamento de tomate, ao mesmo tempo que o preço da conservação da semente na câmara de frio está elevado. Os camponeses reembolsam mensalmente nove mil kwanzas por tonelada.
A ministra assegurou que o ministério vai trabalhar para se encontrar a solução capaz de proteger os camponeses. Arão Martins (jornaldeangola.com)