Angola está agora cada vez mais a ser o palco de uma crescente tensão entre a China e os Estados Unidos numa disputa por influência na região e um sinal disso é a lute pelo mercado de telefones celulares
Com efeito, Africa tem sido nos últimos anos a nova fronteira onde a China e os Estados Unidos, as duas maiores economias do mundo, estão a competir por influência e essa concorrência estende-se agora para a indústria chave de telecomunicações.
Esta semana por exemplo a Etiópia lançou uma nova rede de telecomunicações 5G na Etiópia construída pela gigante companhia chinesa Huawei.
Na semana passada a vice-secretária de estado americana Wendy Sherman visitou Luanda onde se deslocou aos escritórios da Africell tendo afirmado que a companhia fornece a Angola acesso a uma rede G 5 com “componentes tecnológicas de confiança”
Interrogada posteriormente se isso não se tratava de uma critica indirecta à Huawei Sherman foi directa, afirmando que os países que que escolhem a Huawai “ estão potencialmente a entregar a sua soberania”.
Para a diplomata americana ter contractos com a companhia chinesa “é entregar a sua informação à China, deixando entrar uma capacidade de vigilância que nem sequer sabem que existe”.
Sherman disse ainda que a Africell pode fornecer aos povos africanos “um instrumento seguro e capaz para comunicar com o mundo”.
A Huawei tem repetidamente negado acusações anteriores feitas pelos Estados Unidos, e em Beijing um porta-voz do ministério dos negócios estrangeiros respondeu afirmando que companhias chinesas “incluindo a Huawei tem cooperação mutuamente benéfica com muitos países em África contribuindo para o desenvolvimento das infraestruturas de comunicações, fornecendo serviços avançados, de qualidade e segurança para os povos locais e com grande apoio”.
O porta-voz disse não se ter registado um único acidente envolvendo a segurança cibernética ou escuta de comunicações nessa cooperação acusando depois os Estados Unidos de levarem a cabo eles próprios operações de espionagem.
Em Angola a Huawei tem já uma presença significativa, operando em conjunto com a UNITEL e está a construir centros de treino tecnológico no valor de 60 milhões de dólares.
A troca de acusações entre a China e os Estados Unidos sobre as actividades chinesas em Angola reflecte crescente apreensão com a presença chinesa na parte ocidental de África.
No mês passado uma delegação de alto nível dos Estados Unidos deslocou-se à Guiné Equatorial no que foi visto como uma tentativa para demover as autoridades deste país africano a não aceitarem a construção de uma base naval chinesa no país.
O ano passado o o chefe do comando africano das forças armadas americanas, Africom, o General Setephen Townsend disse a uma comissão do Senado americano que a maior ameaça da China seria a construção de “um complexo naval de utilidade militar na costa do Atlântico em África”.