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    25 anos após apartheid, sonho de Mandela ainda é “miragem”

    Um quarto de século após o fim do “apartheid”, a corrupção, a desigualdade social e o racismo ainda caracterizam a África do Sul. O sonho de igualdade de Nelson Mandela continua por cumprir.

    Segundo escreve a DW África, completam-se neste sábado (27.04) 25 anos desde o nascimento da nova África do Sul, a denominada “nação arco-íris”, após meio século de “apartheid”, o sistema de segregação racial.

    As primeiras eleições da África do Sul verdadeiramente democráticas realizaram-se a 27 de Abril de 1994. Todos os sul-africanos, registados numa lista eleitoral comum, puderam votar. Isso marcou o fim de uma longa e dura luta pela liberdade, assim como a separação entre brancos e negros. Como Presidente, o objectivo de Nelson Mandela era reconciliar a minoria branca com a maioria negra no país. A entrada para a democracia foi celebrada em todo o mundo.

    Hoje, os desafios políticos e económicos são enormes. O sonho de Nelson Mandela mantém-se vivo? A bandeira colorida da África do Sul, içada há 25 anos, continua a ser um símbolo do momento da partida para uma nova era, o momento em que o então Presidente sul-africano Frederik Willem de Klerk e o lutador pela liberdade Nelson Mandela concordaram em acabar com o “apartheid”.

    Um quarto de século depois, a euforia diminuiu e os problemas são muitos, começando pelos altos índices de desemprego, criminalidade e iliteracia, a África do Sul está a lutar politica e economicamente em várias frentes.

    Racismo em primeiro plano

    Shenilla Mohamed, directora executiva da Amnistia Internacional na África do Sul, recorda que “Mandela tinha um sonho muito romântico de uma nação onde todos são iguais, onde as pessoas têm acesso aos seus direitos básicos, económicos, sociais e culturais. Mas a África do Sul é um país onde a qualidade de vida não melhorou para a maioria da população em 25 anos, com questões como racismo ainda em primeiro plano.”

    “As pessoas ficaram decepcionadas com um sistema que prometeu que tudo era possível”, acrescenta.

    De facto, o país é abalado pela corrupção dentro do próprio Governo. Milhões de rands sul-africanos terão sido desviados por funcionários do Executivo para uso privado, afirma o analista político Nickson Katembo em entrevista à DW África.

    “A África do Sul actualmente ocupa o lugar 73 entre os 180 [países] do Índice de Percepção da Corrupção, publicado anualmente pela ONG Transparency International, mas a pobreza continua a ser o maior obstáculo do país. Um em cada quatro sul-africanos está desempregado e o número estimado de pessoas desalojadas é de cerca 200.000. O acesso à saúde e o fornecimento de electricidade ainda não são assegurados a todos”, refere.

    Garantir justiça económica

    A razão está na persistente desigualdade entre ricos e pobres, negros e brancos, indica ainda o analista Katembo. “Há uma lacuna entre os que têm e os que não têm. Cerca de 20% da população da economia sul-africana vive bem, enquanto 79% está abaixo do limiar da pobreza, o que representa um desafio à distribuição de recursos”, afirma.

    “O maior desafio para o Governo é garantir a justiça económica para a maioria das pessoas neste país”, defende o analista.

    “Alguns dizem que a ideia de Mandela de uma nação arco-íris deixou de ser um sonho para se transformar numa miragem”, lembra Katembo. O problema decorre da falta de assertividade do Governo, segundo o analista. “Os líderes políticos esqueceram-se da sua missão principal: cuidar do povo. Agora, o Governo deve lembrar a ideia fundadora de Nelson Mandela e as propostas da Comissão de Verdade e Reconciliação”, sugere.

    A comissão, que pretendia rever os crimes do “apartheid” em numerosas audiências, apresentou ao Governo um relatório com propostas para melhorar a democracia jovem. Mas muitos consideraram as propostas insuficientes para se obter progressos concretos.

    Nova etapa?

    A 8 de maio haverá novas eleições na África do Sul. Será eleito um novo Parlamento e, por conseguinte, um novo Presidente.

    A má-gestão dos sucessivos governos do Congresso Nacional Africano (ANC) nos últimos 25 anos é apontada por muitos como razão para o mau estado da economia.

    O desemprego ainda é superior a 20%. Muitas pessoas vivem na pobreza e partes do país continuam sem electricidade. Há 25 anos atrás, as expectativas eram muito maiores.

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