Há 18 anos, em 18 de julho de 1994, no centro cultural judaico em Buenos Aires, ocorreu uma forte explosão, 89 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas. O governo da Argentina acusou o movimento Hezbollah, sediado no Líbano, e serviços secretos do Irão da autoria do ato terrorista.
O ministro da defesa do Irão, Akhmad Wahidi, foi até mesmo declarado em busca internacional.
18 anos depois, no aeroporto da cidade búlgara de Burgas, ocorreu um ato terrorista que entrou na história da Bulgária como o maior atentado deste género. Um terrorista suicida ceifou a vida de cinco israelitas, mais de trinta ficaram feridos.
O primeiro-ministro de Israel, Netanyahu e o ministro do Exterior Liberman apressaram-se a acusar o Irão pelo crime cometido. Alguns observadores israelitas indicaram a possibilidade de participação do destacamento especial iraniano “Kuds” na preparação do ato terrorista. Entretanto a parte israelita não apresentou qualquer prova até agora. Vinte horas depois do ataque sangrento, um representante das autoridades iranianas desmentiu a acusação e condenou o ato terrorista.
Naturalmente, que é grande a probabilidade de participação iraniana. Representantes oficiais de Israel lembraram as operações do serviço secreto iraniano contra objetivos israelitas há alguns meses em Tbilissi, Deli, Bangkok e Baku. Lá verificou-se um evidente vestígio de Teerão. Recentemente no Quénia e em Chipre evitaram ataques de combatentes a objetivos israelitas. Mas isto é apenas suspeita.
Logo após o derramamento de sangue em Burgas, o ministro do exterior da Inglaterra condenou asperamente os terroristas, acrescentando palavras de alarme sobre a possibilidade de tentativa de impedir a realização dos Jogos Olímpicos que se iniciam. Representantes franceses também condenaram o assassinato de turistas. Mas acrescentaram que temem ações de represália de parte de Israel. A última coisa que os europeus queriam agora é uma troca de golpes entre Irão e Israel na Europa. Mais do que isto, até mesmo se Israel resolver realizar uma operação preventiva não na Europa, ninguém garante que Teerão não desfechará um golpe novamente no território europeu.
Quadros dilacerantes de turistas sangrando despertam simpatia pelas vítimas. Entretanto a política real na Europa e EUA é baseada mais na economia do que nas emoções. Lembramos como a Europa reagiu no início dos anos setenta à série de atos terroristas contra estruturas israelitas, e depois à tomada de ministros dos países da OPEP como reféns. Isto foi acompanhado de condenações altissonantes do terrorismo, apesar de, paralelamente, os países da Europa Ocidental manterem negociações com a Organização de Libertação da Palestina sobre seu reconhecimento. O aumento de preços do petróleo interessou aos políticos ocidentais e seus eleitores muito mais do que o combate ao terrorismo.
Não sabendo os nomes dos organizadores do ato terrorista na Bulgária, pode-se entender seu cálculo pragmático: o ataque a turistas deve assustar os líderes ocidentais tanto para que estes pressionem Israel e para que Telavive não venha a atacar alvos nucleares iranianos. A Europa agora necessita de receitas do turismo. E ónibus ensanguentados não contribuem de modo algum para o aumento da torrente de turistas, vitalmente necessário para a economia europeia. É justamente esta lógica que os terroristas tentam aproveitar a seu favor
Fonte: VR
