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    Taxistas queixam-se de extorsão em Cacuaco

    A falta de emprego é apontada como uma das causas que faz com que muitos jovens se refugiem nas paragens de táxis, onde efectuam cobrança de 200 kwanzas para o terreno onde os taxistas estacionam os seus automóveis para carregar os passageiros.

    Com mais de seis paragens para táxis, o mercado do Kikolo, no município de Cacuaco, é uns dos pontos da cidade capital onde os chamados “caenches” actuam com maior frequência e mais exigência.

    Em cada um dos seis pontos existe um líder deste grupo de jovens que se responsabiliza pela recepção dos valores a serem cobrados compulsivamente aos motoristas. Depois o dinheiro é distribuído aos seus integrantes, compostos maioritariamente por rapazes e jovens com as idades compreendidas entre os 15 e 25 anos de idade.

    Inicialmente, segundo apurámos, os motoristas pagavam apenas pelos serviços de limpeza efectuados nos locais em que efectuam o carregamento dos clientes. Mas as exigências aumentaram desde a entrada em cena de indivíduos, tidos como ilegais, que cobram outros serviços. Motorista há mais de 11 anos, Nzunzi David contou que diariamente gasta 600 kwanzas para poder trabalhar tranquilamente. Reconhece mesmo o pagamento que efectuam aos jovens tem sido uma obrigação para evitar conflitos.

    “Os jovens que recebem os valores não fazem limpeza no local, mas exercem uma cobrança empírica com rigorosidade”, considerou Nzunzi David. Por seu lado, Manuel Kialamba, que também actua no mercado do Kikolo, considera que a cobrança destes valores não consta das obrigações estipuladas pela administração daquele mercado.

    Os taxistas clamam mesmo pela intervenção da Polícia Nacional para se acabar com estas práticas protagonizadas por jovens que eles apontam como sendo possíveis marginais.

    “É um sofrimento todos os dias dividir o dinheiro trabalhado com muito esforço e muitos riscos com jovens que não pretendem se esforçar, mas ganhar a vida de forma fácil”, desabafou Manuel Kialamba.

    Os taxistas dizem que o terreno onde estacionam as viaturas não é propriedade daqueles que exigem o dinheiro, até porque nem estes tratam da limpeza da própria zona e arredores. O parqueamento apresentase sempre sujo e isso não lhes impede de pagar o que lhes é exigido.

    Consta que além da suposta limpeza das paragens, os jovens tratam também da segurança destes locais, onde os préstimos da Polícia Nacional não se fazem sentir. Por isso, há quem concorde com o pagamento diário para ter mais segurança durante o dia.

    “Pagar 100 kwanzas para ter segurança durante o trabalho já é muito bom e barato, apesar de que seria a Polícia Nacional a fazer este serviço”, comentou Manuel.

    Um outro motorista que preferiu o anonimato disse que o pagamento é uma “obrigação em função da posição que os caenches têm ao fazer a cobrança”. Classifica a actividade como um furto, razão pela qual solicitam a intervenção das autoridades competentes para se evitar esta prática que consideram desagradável.

    “Pago 200 kwanzas para o caenche, 100 para limpeza (terreno), 300 para o fiscal e mais os 100 do lotador.

    É muito gasto que se faz durante o dia”, lamentou o anónimo.

    O incumprimento normalmente resulta em brigas porque os “cobradores de imposto” actuam sempre em grupos. Caso contrário sentem-se obrigados a alterar a rota inicial.

    PASSAGEIROS NÃO FOGEM À REGRA
    Além do valor da corrida do táxi, os passageiros que se deslocam ao mercado do Kikolo também são obrigados a pagar 100 kwanzas caso pousem as compras e outras mercadorias no terreno que supostamente é protegido pelo grupo de jovens.

    A comerciante Maria Domingos, que vende no mercado do Asa Branca, contou que sempre pagou a referida quantia quando se desloca ao mercado do Kikolo, onde adquire os produtos que comercializa.

    Segundo ela, os jovens protegem -na de possíveis assaltos, embora considere que o valor não deveria ser pago porque o terreno não lhes pertence.

    “Os rapazes que se dedicam a este trabalho não têm nada para fazer na vida, por isso é que vêm aqui”, contou a senhora.

    Já Madalena João diz que tem efectuado o pagamento para evitar conflito com eles, porque, caso contrário, seriam capazes de reter a mercadoria adquirida. Pensa mesmo que “eles são bandidos, não prestam contas a ninguém pelo dinheiro que recebem.

    Serve para satisfazer os seus vícios”.

    Mas Paulo Estevão assegura que os jovens efectuam um trabalho de risco por controlarem os supostos meliantes que actuam no mercado do Kikolo. Diz mesmo que esta actividade é desenvolvida com o consentimento dos efectivos da Polícia Nacional, que tem um posto no interior da praça.

    Os efectivos que integram o referido posto policial recusaram-se a prestar qualquer informação sobre o assunto sem uma autorização do Comando Municipal de Cacuaco.

    Um taxista em plena actividade.

    Taxistas e seus passageiros são obrigados a pagar “propinas” por causa de suposta protecção de jovens que se instalaram em várias paragens no município do Cacuaco.

    Fonte: O PAís

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