Fui ao Centro Nacional de Oncologia e de lá saí com a firme vontade de endereçar um convite ao governador Higino Carneiro, para visitar aquela unidade hospitalar, situada paredes meias com os Hospitais Psiquiátrico e Pediátrico David Bernardino.
Senhor governador, peço-lhe encarecidamente, que visite o mais breve possível, o nosso Centro Nacional de Oncologia, e ponha ordem à bagunça que por ali campeia, prejudicando sobremaneira, a periclitante saúde dos pacientes internados.
Não se pode conceber que num hospital especializado no tratamento de enfermidades de natureza grave, não haja água canalizada, energia eléctrica da rede, climatização, nem tão pouco aposentos, com wc para os doentes, que são obrigados a percorrer uma distância de aproximadamente 100 metros, para suprirem as suas necessidades fisiológicas.
Alguns deles, diga-se de passagem, incapacitados de se locomoverem por meios próprios.
Não se pode estar calado, perante o sofrimento dos nossos doentes, acamados em quartos desprovidos de condições de climatização; inalando gases tóxicos, e, suportando dolorosamente, o barulho do gerador que garante o funcionamento regular dos equipamentos do Centro.
Até aí tudo bem. Porém, não se pode aceitar que os doentes estejam permanentemente sujeitos, ao ronco barulhento de uma máquina, que deveria estar alojada num espaço de menor risco para a saúde. A emissão de anidrido carbónico e outros resíduos químicos tem consequências letais no homem, para não falar do meio ambiente.
Senhor governador, perante o caos que ali reina, tanto a nível do atendimento, como da higiene, num local onde as pessoas devem ser atendidas, em observância às regras do respeito pela vida humana, é fundamental que o senhor avalie e proponha ao Chefe do Executivo, um rigoroso plano de intervenção, destinado a proporcionar uma melhor assistência médica e a oferta de um serviço de irrepreensível qualidade.
Atrevo-me mesmo a sugerir gestão privada, para os nossos estabelecimentos hospitalares, para que possamos valorizar as infraestruturas existentes e atrair investimentos que fazem falta ao serviço nacional de saúde. A introdução do cartão de saúde, a cobrança de uma taxa mínima para cobertura de consumíveis e outros materiais gastáveis, iria ter como resultado, o aumento da qualidade dos serviços e estaríamos de certa forma, a dispersar a tendência excessiva para as viagens ao estrangeiro, que custam aos cofres do Estado dispêndio de divisas.
Quando lá chegar, senhor Governador, não se esqueça de olhar logo à entrada, para o curso de águas residuais a céu aberto (se calhar, proveniente de alguma conduta saturada da casa mortuária), que “perfuma” o ar, com o cheiro nauseabundo da nossa incúria social.
Gostaria que sugerisse aos mandões do Hospital, a aplicarem a máxima, “para grandes males, grandes remédios”, mandando construir reservatórios de água; instalando postos de transformação, num acordo a celebrar com o Ministério da Energia e Águas, até que se conclua o novo edifício do Hospital Oncológico de Luanda, já em fase avançada de construção.
Alertaria por outro lado, V. Exa., para mandar retirar o barulhento gerador instalado nas proximidades dos quartos dos pacientes, para que possam desfrutar de algum sossego, enquanto tratam das suas enfermidades.
Em termos absolutos é necessário que se tome mão do assunto, em nome da decência e do bem servir o povo, buscando soluções inovadoras, que combatam a inércia, o deixa andar e o vê se te avias, dos dias negros da desgraça.
Conceda-nos essa honra, e ilumine com as suas nobres idéias, os caminhos negros da nossa triste pobreza. Tenho dito!
por Vítor Sampaio