Kigali – O governo do Rwanda desmentiu “categoricamente” hoje (segunda-feira), em Kigali, um relatório confidencial da ONU, segundo o qual alguns rwandeses teriam sido recrutados e formados no seu país, para reforçar os ex-rebeldes que o Exército congolês combate, desde início de Maio na província do Norte-Kivu, no leste da República Democrática do Congo (RDC), noticiou à AFP.
“São rumores totalmente falsas e perigosas”, declarou num comunicado a ministra dos Negócios Estrangeiros, Louise Mushikiwabo.
Segundo a chefe da diplomacia rwandesa, o seu país sempre sustentou que “a instabilidade actual no leste da RDC, é um assunto que diz respeito ao governo congolês e o seu Exército”.
“O interesse do Rwanda é conter o conflito e estabelecer as profundas relações pacíficas com os seus vizinhos. A comunidade internacional continua a negligenciar os verdadeiros problemas causados por essa instabilidade, acusando para o efeito a Missão da ONU na RDC.
“Essa operação, disse a ministra, que custa milhões de dólares, representa um quarto do orçamento da ONU para as missões de manutenção da paz no mundo, e ela foi um fracasso desde o primeiro dia”.
A ministra concluiu, afirmando que a ONU foi finalmente “incapaz” de proteger os civis no leste da República Democrática do Congo.
Nesse relatório confidencial, a ONU afirma ter “conduzido entrevistas a 11 combatentes que abandonaram as suas posições nas florestas montanhosas da fronteira entre a RDC e o Rwanda” e que são descritos como “cidadãos rwandeses recrutados sob pretexto de reintegrar o exército nacional, incluindo um mineiro”.
Esses desertores, prossegue o documento, “disseram que foram recrutados numa aldeia chamada Mundede, que receberam treino sobre o manuseamento de armas e que foram posteriormente enviados a RDC para se juntar ao M23”, declarou à BBC, Hiroute
Guebre-Selassie, chefe dos escritórios da Missão da ONU (Monusco) em Goma, a capital provincial.
O M23 (Movimento do 23 de Março), é oriundo da ex-rebelião tutsi congolesa do Congresso Nacional de Defesa do Povo (CNDP), que o Rwanda tinha desmentido apoiar nos tempos da sua dissidência, e integrada no exército em 2009, após os acordos de paz com Kinshasa.
Fonte: Angop