As autoridades de Bissau ainda não reagiram à recompensa de 5 milhões de dólares anunciada pelos Estados Unidos por informações de António Indjai, mas o assunto já é comentado em vários círculos da sociedade. A Guiné-Bissau “tem uma batata quente em mãos”, o que poderá complicar ainda mais a situação instável do país.
Chamado para comentar, o politólogo guineense, Rui Jorge Semedo, considera um exagero por parte dos Estados Unidos da América que podiam tratar o assunto a nível dos Estados.
“Num primeiro momento, [seria melhor] tratar este assunto a nível dos Estados, o general António Indjai não é um foragido. Vive na Guiné Bissau. É um exagero por parte dos Estados Unidos“, disse o politólogo.
No entendimento de Rui Semedo, o antigo Chefe do Estado Maior general das Forças Armadas, António Indjai, atualmente general na reserva, goza de simpatias e influência na estrutura militar, e esta posição terá os seus reflexos.
“Este tipo de posicionamento do Estados Unidos visa simplesmente contribuir para criar situações anormais, aprofundando a desestabilização da Guiné Bissau. Certamente vamos cair em mãos indesejadas“, afirmou Rui Semedo.
O analista político da rádio católica “Sol Mansi” defende que o Estado da Guiné-Bissau não deve temer e deve posicionar-se perante a situação.
“Os Estados Unidos não solicitam uma extradição, querem a captura de um criminoso. É necessário um processo e não devemos temer só porque são os Estados Unidos“, indicou.
O Departamento de Estado norte-americano anunciou esta quinta-feira uma recompensa de cinco milhões de dólares por informações que levem à detenção ou condenação de António Indjai, antigo chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau.
O general António Indjai está impedido de viajar pelas Nações Unidas, desde maio de 2012, na sequência de um golpe de Estado ocorrido em abril do mesmo ano na Guiné-Bissau.
De recordar que em 2013, durante uma operação da Agência norte-americana anti-narcóticos, o Contra-almirante Bubo Na Tchuto foi detido en alto-mar e levado para os Estados Unidos, onde foi julgado e condenado, após ter cumprido a pena, regressou a Bissau em 2016.