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    Preso em Marselha o francês suspeito da matança no Museu Judaico de Bruxelas

    O procurador-geral da República, François Molins, em coletiva de imprensa no tribunal neste domingo, 1° de junho de 2014. (Reuters/Benoît Tessier)
    O procurador-geral da República, François Molins, em coletiva de imprensa no tribunal neste domingo, 1° de junho de 2014.
    (Reuters/Benoît Tessier)

    As autoridades francesas divulgaram neste domingo (1°) que um homem foi detido na tarde de sexta-feira ((30) em Marselha, no sul do país, suspeito de ter atirado contra quatro pessoas, no dia 24 de Maio, no Museu Judaico da capital belga. Um casal israelita, uma francesa e um belga morreram. O francês teria passado uma temporada com um grupo jihadistas na Síria, em 2013.

    Ele se chama Mehdi Nemmouche, nasceu em Roubaix, no norte da França, tem 29 anos e foi preso sete vezes por assaltos entre prisão por assalto entre 2005 e 2012.

    Nemmouche foi detido por acaso, em um controle de rotina na estação Saint-Charles, em Marselha. Ele estava em um ónibus vindo de Amesterdão e Bruxelas. Na bagagem, trazia uma metralhadora Kalachnikov, um revólver e uma câmara, objectos que foram imediatamente relacionados aos crimes no Museu Judaico de Bruxelas.

    Desde a sua detenção para interrogatório, em Marselha, Nemmouche não disse uma só palavra, porém, a perícia científica das armas, do computador e das imagens da câmara portátil que estavam em seu poder, parecem confirmar o seu envolvimento no ataque de 24 de Maio, em Bruxelas. Os resultados oficiais serão divulgados somente no começo da semana, mas o procurador-geral da República, François Molins, confirmou a descoberta de um curto vídeo de 40 segundos na máquina fotográfica Nikon que mostrava as duas armas e as roupas usadas pelo atirador, assim como a câmara GoPro.

    “O autor dos tiros não aparece na imagem, mas sua voz parece ser a de Mehdi Nemmouche. Esta voz comenta as imagens, explicando que o vídeo foi feito porque a filmagem da fuzilada do Museu Judaico de Bruxelas pela câmara não havia funcionado”, comunicou o procurador.

    Radicalismo religioso

    Informações sobre o percurso do suspeito também foram divulgadas: “Durante sua última pena, ele chamou a atenção por seu proselitismo extremista, frequentando um grupo de detentos que são islamitas radicais e convocando os outros presos para uma prece coletiva”, disse François Molins.

    Em 31 de Dezembro de 2012, três semanas depois de ser libertado, Nemmouche foi para a Síria começando a viagem por Bruxelas, passou por Londres, Beirute e Istambul, até chegar ao destino final. Ele se juntou aos combatentes do grupo jihadistas “Estado Islâmico do Iraque e Levante”.

    De volta à Europa, ele foi visto pela última vez em Frankfurt, na Alemanha, em Março de 2014, data em que teve o passaporte controlado na alfândega alemã.

    Etapas jurídicas

    A partir de agora, as investigações devem continuam em estreita cooperação entre as autoridades judiciárias francesas e belgas. Além das perícias técnicas em matéria genética, capilar, balística e informática, os investigadores vão tentar estabelecer o percurso do suspeito e identificar suas relações mais próximas.

    Os dois juízes de instrução de Bruxelas emitiram no sábado um mandato de prisão europeu, que será notificado a Mehdi Nemmouche no final de sua detenção para interrogatório. O mandato será analisado e a justiça decidirá se o suspeito será entregue às autoridades da Bélgica.

    Família em estado de choque

    A família de Nemmouche declarou estar “muito chocada”, depois de ter ouvido pela televisão a notícia de sua prisão por suspeita de assassinato. “Estamos chocados, não poderíamos imaginar isso”, disse à imprensa uma tia do homem, definido por ela como alguém de “educado, inteligente e que cursou até o primeiro ano da faculdade”. Ela também lembrou que ele sempre foi muito discreto e fechado.

    Os parentes de Mehdi Nemmouche não tinham contacto com ele desde meados do ano 2000, quando ele foi preso no sul da França por assalto. No fim de 2012 ele apareceu para dar notícias, mas depois não falou mais com os parentes.

    Quanto ao extremismo religioso que pode tê-lo motivado a atacar os judeus, um parente disse que ele nunca frequentou a mesquita nem falava de religião. “Certamente ele se converteu ao radicalismo na cadeia para cometer um ato assim terrível”, constatou.

    Reacções políticas

    A prisão de Mehdi Nemmouche traz novamente à tona a questão dos jovens franceses que viajam para a Síria e são treinados por extremistas religiosos para praticar o Jihad Islâmico, usualmente definido como Guerra Santa, mas que, na verdade, significa em árabe “fazer o máximo esforço”.

    O presidente da França, François Hollande, declarou que seu governo está determinado a fazer tudo para impedir os jovens radicais de realizar ataques. “Vamos monitorar esses jihadistas e certificar-se de que, quando eles voltarem de uma luta que não é a deles, e definitivamente não é a nossa, eles não façam mal algum”, disse o presidente.

    Os serviços secretos franceses estimam que entre 700 e 800 jovens franceses, estiveram ou ainda estão na Síria em contacto com jihadistas radicais. Cerca de 200 belgas também teriam tomado o mesmo caminho.

    Os fatos

    No dia 24 de Maio último, um homem armado, de óculos escuros e boné, invadiu o Museu Judaico de Bruxelas, matando um casal de turistas israelitas, uma voluntária francesa e o recepcionista belga do local.

    O Congresso Judaico Europeu apontou um novo exemplo de ódio e anti-semitismo, lembrando que a matança ocorreu dois anos depois do famoso caso Merah, o jovem franco-argelino que assassinou quatro judeus, dos quais três crianças, e três militares, em Toulouse, no sudoeste da França, em 2012. (rfi.fr)

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