Portugal vai registar o maior crescimento económico na União Europeia, prevê Bruxelas. A economia nacional vai registar um crescimento de 6,5%, a maior subida percentual de todos os estados-membros, segundo a previsão de verão divulgada esta quinta-feira pela Comissão Europeia. Esta previsão está acima do previsto pelo Governo (4,9%) no Orçamento do Estado para este ano, apresentado em abril.
Esta subida de 6,5% está também acima das previsões para a UE (2,7%) e para a zona euro (2,6%), prevista pela CE.
Nas suas previsões anteriores, Bruxelas estimava que Portugal fosse crescer 5,8%, tendo agora revisto em alta esta estimativa.
Mas o caso muda para 2023, com Bruxelas mais pessimista: os 2,7% previstos anteriormente recuaram agora para 1,9%, com a UE a crescer 1,5% e a zona euro 1,4%.
Em relação à inflação, Bruxelas estima que Portugal atinja os 6,8% este ano e 3,6% no próximo. A CE prevê uma inflação “histórica” em 2022: 7,6% na zona euro e 8,3% na UE, com os valores a descer para 4% e 4,6% em 2023, respetivamente.
“A guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia continua a afetar negativamente a economia europeia, colocando-a num patamar de crescimento mais baixo e de maior inflação face à previsão de primavera”, segundo a Comissão Europeia.
“A invasão russa da Ucrânia colocou pressão adicional nos preços da energia e das matérias-primas alimentares”, que “eliminaram o poder de compra das famílias e desencadearam uma resposta de política monetária mais rápida do que o previamente assumido”.
“A desaceleração do crescimento nos EUA está a juntar-se ao impacto negativo económico da rígida política de zero-Covid na China”, acrescenta.
“A economia da União Europeia permanece particularmente vulnerável a desenvolvimentos nos mercados de energia devido à sua alta dependência dos combustíveis fósseis russos, e um crescimento global a enfraquecer a procura externa”, pode-se ler.
A Comissão aponta que o crescimento para este ano acontece à boleia do desempenho de 2021 e de um primeiro trimestre mais forte do que o previsto e “de um promissora época turística de verão”.
Para o próximo ano, o crescimento deverá ser sustentado com base “num mercado laboral resiliente, inflação moderada, apoio do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) e de uma grande quantidade de poupanças”.
“Os riscos permanecem altos e dependentes da guerra. Os riscos para a previsão económica e inflação estão altamente dependentes da evolução da guerra e em particular das implicações para o abastecimento de gás à Europa. Novos aumentos nos preços de gás podem aumentar a inflação e travar o crescimento”, segundo o executivo comunitário.
“Efeitos secundários podem amplificar forças inflacionários e levar a um apertar das condições financeiras que não pesariam só no crescimento, mas também têm riscos mais elevados para a estabilidade financeira. A possibilidade de que o ressurgimento pandémico na UE possa trazer renovadas disrupções à economia não pode ser excluído”, acrescenta.
No meio de um cenário pessimista, há alguma luz ao fundo do túnel. “Ao mesmo tempo, as recentes tendências baixistas do petróleo e de outros preços de matérias-primas, podem-se intensificar e provocar uma descida mais rápida na inflação do que atualmente esperado. Mais, graças a um forte mercado laboral, o consumo privado pode provar ser mais resiliente ao aumento dos preços se as famílias usarem mais das suas poupanças acumuladas”.