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    Parlamento do Canadá reconhece “genocídio” contra uigures, a China protesta

    Os parlamentares canadianos adoptaram nesta segunda-feira 22 de Fevereiro uma moção não vinculativa equiparando o tratamento reservado pela China à minoria uigur a um “genocídio”. Pequim reagiu qualificando esta moção de “provocação perniciosa”.

    A moção, votada ontem na Câmara dos Comuns por 266 votos sobre 338 reconhece que “os uigures da China foram e continuam a ser alvo de genocídio”. Este texto apresentado pelos conservadores, na oposição, denuncia em particular o “doutrinamento político e anti-religioso”, o “trabalho forçado” e a “destruição de locais culturais” sofridos por esta minoria muçulmana no Xinjiang. Paralelamente, foi igualmente votada uma emenda pedindo que os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 atribuídos a Pequim sejam adiados se o “genocídio” continuar.

    Este texto foi adoptado numa altura em que as relações entre o Canadá e a China estão a passar por uma crise, depois de Pequim ter detido em finais de 2018 o ex-diplomata canadiano Michael Kovrig e o seu compatriota Michael Spavor sob a acusação de espionagem, pouco depois da detenção no aeroporto de Vancouver de um director do gigante chinês Huawei suspeito de fraude bancária.

    Neste contexto, os deputados que adoptaram ontem a moção acusando a China de “genocídio” também lançaram um apelo para que o executivo de Justin Trudeau adopte uma linha mais dura para com Pequim. “Os conservadores pedem ao governo liberal que respeite o Parlamento e reconheça oficialmente que um genocídio está a decorrer na China”, declarou o líder dos conservadores, Erin O’Toole.

    “O governo leva muito a sério qualquer alegação de genocídio”, respondeu por seu turno o chefe da diplomacia do Canadá, Marc Garneau, num comunicado recordando que o seu país privilegia uma abordagem feita em concertação com os seus aliados.

    Na passada sexta-feira, o chefe do governo do Canada admitiu que “enormes violações dos Direitos Humanos foram relatadas no Xinjiang” e que ele estava a conduzir consultas com os seus parceiros no sentido de saber se é apropriado utilizar o termo “genocídio” outrora usado pela administração Trump para qualificar o que está a acontecer no Xinjiang.

    Em reacção, a Embaixada da China no Canadá rejeitou a moção qualificada de “acto vergonhoso” e chamou os parlamentares canadianos de “hipócritas” por usarem “a desculpa dos Direitos Humanos no intuito de interferir nos assuntos internos da China”.

    Este foi igualmente o argumento utilizado pelo chefe da diplomacia chinesa Wang Yi ao discursar ontem no Conselho dos Direitos Humanos da ONU, depois do seu homólogo britânico ter pedido que peritos da ONU sejam autorizados a deslocar-se ao Xinjiang no intuito de investigar os abusos contra os uigures.

    De acordo com as Nações Unidas, mais de um milhão de uigures estão detidos em campos de reeducação política. Uma informação desmentida por Pequim alegando que se trata de centros de formação profissional destinados a afastar a população local do radicalismo religioso e do terrorismo.

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    FonteRFI

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