Svetlana Tikhanovskaya, opositora exilada de Belarus, classificou como “farsa” e uma “vingança” do presidente Alexander Lukashenko seu julgamento, que começa na terça-feira, à revelia. Foi o que disse em entrevista à AFP em Davos, nos Alpes suíços, nesta segunda-feira (16).
“É um espetáculo, é uma farsa, não tem nada a ver com justiça”, denunciou a opositora, exilada na Lituânia e atualmente em visita à Suíça.
“É uma vingança pessoal de Lukashenko e seus seguidores, não só contra mim, mas também contra demais opositores”, acrescentou.
Tikhanovskaya enfrenta uma dezena de acusações, inclusive de alta traição, e disse ter procurado a defensoria pública, que nunca a atendeu.
“Nem sei o que meu suposto advogado naquele tribunal vai fazer amanhã, como ele vai me defender”, declarou a política nesta segunda. “Tenho certeza de que vão me condenar a muitos anos de prisão”, acrescentou.
A opositora afirmou também que os exercícios conjuntos das forças aéreas organizadas nesta segunda pela Rússia e Belarus são um blefe de Lukashenko.
“É um espetáculo destinado ao povo de Belarus, para ameaçá-lo, para dizer: vejam que o exército russo está aqui, fiquem tranquilos, não se oponham a nada.”
O objetivo principal, segundo ela, é desviar para a fronteira com Belarus a atenção dos soldados ucranianos, mais concentrados na linha de frente, no leste do país.
Tikhanovskaya afirmou ter vencido a eleição presidencial de 2020 em Belarus, na qual Lukashenko foi reeleito no que, segundo a oposição, foi uma enorme fraude.
Desde os grandes protestos ocorridos na época, o governo perseguiu e prendeu muitos dissidentes, jornalistas e ativistas.
A opositora disse ser a primeira pessoa de seu país a participar do Fórum Econômico Mundial de Davos desde 1992, dois anos antes da chegada de Lukashenko ao poder.