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    Odebrecht nega pagamentos indevidos a empresas ligadas a João Lourenço

    Construtora brasileira desmente relatório da Pangea-Risk que a inclui numa lista de empresas que terão feito pagamentos indevidos ao Presidente de Angola e outros dirigentes que estariam sob investigação nos EUA.

    A construtora brasileira Odebrecht negou esta quinta-feira (18.02) ter feito pagamentos indevidos a empresas ligadas ao Presidente angolano, João Lourenço, como afirma um relatório da consultora Pangea-Risk, mostrando-se disponível para colaborar com a justiça “no esclarecimento dos factos”.

    O documento divulgado esta semana dá conta de “uma investigação das autoridades norte-americanas sobre os negócios do Presidente João Lourenço, de familiares próximos e dos seus sócios”.

    Em entrevista exclusiva à DW África, o diretor-executivo da Pangea-Risk garante que “fontes no Departamento de Justiça [dos EUA] ajudaram a revelar a investigação” a alegadas violações da legislação sobre práticas de corrupção no estrangeiro (FCPA), transações bancárias ilegais, fraude bancária para compra de propriedades nos EUA e tentativa de defraudar o Departamento de Justiça norte-americano.

    Entre as empresas citadas no relatório, encontra-se a Odebrecht, que alegadamente terá feito um pagamento de 20 milhões de dólares (16,5 milhões de euros) em 2017 à Orion, agência de comunicação de que é acionista a primeira-dama angolana, Ana Dias Lourenço.

    Em comunicado, a administração da construtora brasileira desmente este pagamento, bem como quaisquer outros pagamentos indevidos a empresas e pessoas mencionadas pela Pangea-Risk (antiga Exx Africa).

    A consultora alega que parte deste pagamento teria sido usada para financiar a campanha de reeleição do MPLA (partido dirigente) nas legislativas de Agosto de 2017, que levaram João Lourenço ao poder no mês seguinte. Neste caso, aponta, o pagamento constituiria uma violação dos regulamentos de combate ao branqueamento de capitais e da Lei da Probidade Pública angolana.

    João Lourenço e a mulher, Ana Dias Lourenço, na campanha eleitoral, em 2017.
    (DR)

    Monitorização e acordos
    A Odebrecht salienta, por seu lado, que assinou com o Departamento de Justiça dos EUA (‘Department of Justice’, ‘DOJ’) um acordo a 21 de dezembro de 2016 relativo a factos anteriores a 2017, tendo as suas actividades passado a ser monitorizadas por auditores independentes, designados pelo DOJ e pelo Ministério Público Federal do Brasil, a partir de Fevereiro de 2017.

    Em Abril de 2017, a imprensa brasileira noticiou que a construtora tinha chegado a acordo com a justiça norte-americana para pagar 2,6 mil milhões de dólares (2,12 mil milhões de euros) em multas às autoridades brasileiras, norte-americanas e suíças devido a casos de suborno.

    Na altura, a Odebrecht estava a tentar negociar também acordos com outros países, como Argentina, Chile, Colômbia, Equador, México, Peru, República Dominicana, Venezuela, Panamá e Portugal.

    O esquema de corrupção da construtora brasileira foi descoberto no âmbito da Operação Lava Jato, no Brasil, e envolvia também o pagamento de subornos a responsáveis em Angola e Moçambique.

    Actividade regularizada em Angola, diz Odebrecht
    Em agosto de 2020, o jornal Expresso noticiou que a Odebrecht teria apresentado ao Governo angolano uma proposta em que se disponibilizava a pagar uma indemnização por eventuais danos causados em vários contratos de empreitadas celebrados no país.

    No comunicado divulgado esta quinta-feira, a Odebrecht revela que o DOJ concluiu, em novembro de 2020, a auditoria externa independente, após três anos de monitorização sistemática, certificando o seu sistema de conformidade, por estar apto para prevenir e detetar possíveis violações às leis anticorrupção.

    “Esta certificação concluiu de forma positiva o processo de transformação interna e externa iniciado pela Odebrecht a partir de Dezembro de 2016”, acrescenta o documento veiculado pela administração da empresa brasileira.

    A administração da Odebrecht afirma ainda que está “à disposição das autoridades de todos os países” em que está presente “para colaborar com a justiça para e no esclarecimento dos factos que seja necessário esclarecer”.

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