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    O Desenvolvimento da Natação em Angola

    Por Carlos Sousa

    Falar de jornalismo desportivo em Angola, o que se poderá dizer?

    Para aferir que o resultado de tal conclusão, baseia-se nos tablóides existentes e nos artigos a que podemos ter acesso quando temos que fazer incursão aos trabalhos efectuados nos diversos órgãos de comunicação da nossa praça que se estendem pelas mais diferentes modalidades, sempre com boas ressalvas.

    De entre todas as modalidades, uma das mais deficitária será a natação, uma vez que nos diferentes órgãos de informação os seus profissionais apresentam gritantes debilidades de conhecimento Geral Desportivo e da natação em particular.

    Estes temas impõem-se no presente momento especialmente pelo que acabamos de assistir no 7sport_noticias, na entrevista efectuada ao Presidente da FAN, em que a entrevistadora Tatiana Cármen demonstrou a falta de domínio e conhecimento das matérias exposta como questões ao Presidente da Federação de Natação Angola Sr. Mário Fernandes.

    Por isso, uma atitude pedagógica e educativa será imprescindível para a alteração da presente conjuntura, onde cremos que com algum trabalho de formação contínua e de preparação deste, com palestras, seminários, curso, etc… será crucial para que os nossos médios passem a difundir e a informar de forma mais apropriada e educativa o seu público.

    A forma como grande parte das notícias são passadas para o público, pouco tem do conteúdo original da informação que foi passada pela fonte, são constatações com conhecimento de causa em que algumas informações de resultados que são alterados pelos jornalistas, por desconhecimento da matéria, dos termos técnicos sobre a qual estão a escrever.

    Também se reconhece que muitas pessoas que estão ligados à modalidade não têm o cuidado devido nem a atenção necessária ao dar uma entrevista ou a passar a informação, de que estão a falar com “leigos” em matéria de natação, com quem temos de usar expressões que não são do conhecimento geral, nem dos jornalistas. Dai que, muitas vezes se acaba por constituir em graves erros, más interpretações ou em equívocos danosos à modalidade.

    Relembro um outro exemplo em relação à notícia de se “construir piscinas nas centralidades”, afirmação da Sra. Carolina Cerqueira, Ministra de Estado para a Área Social, que provocou a reacções extemporâneas demasiado fortes por parte de alguns comentaristas sociais e jornalista, que apenas salientaram o facto de o executivo não conseguir disponibilizar água potável canalizada às populações e em algumas centralidades recém-constituídas, como poderá conseguir construir e manter piscinas.

    No entanto, poderemos afirmar que se estes tivessem pesquisado um pouco, talvez pudessem ter tido uma melhor percepção do real quadro e que uma piscina pública bem gerida por via das muito propaladas parcerias público-privadas, poderá ser um empreendimento com actividade auto-sustentada de geração de receitas próprias, com uma forte contribuição social e de arrecadação de mais-valia para o município.

    Outras evidências muito concretas são as que temos vivenciado com grande parte dos nossos vizinhos na região que vêm demonstrando progresso por demais visível, como o espelhado pela Namíbia, um desses casos de sucesso, com uma visível expansão e massificação da natação, assim como um bom desempenho no alto rendimento nos eventos Africanos.

    A adopção, implementação e aplicação prática de projectos com base no programa da FINA “Swimming for Life, Swimming for all” e da “Estratégia da CANA Zone 4”, são em nosso entender a chave do seu sucesso.

    Não podemos deixar de frisar que a África do Sul, como maior referência de desenvolvimento da modalidade em África pelo seu elevado potencial competitivo mundial, tem que ser seguido como modelo, especialmente pelos programas de incentivo à prática da Natação em que conseguem obter performances de nível internacionais, mas que tem como prioridade estratégica o ensino da natação como meio utilitário, garante da diminuição de mortes por afogamento na população, e cujas bases são direccionadas pelo seu órgão regulador Swimming South Africa – SSA, com a integração da natação como disciplina curricular nas escolas públicas e privadas “desporto escolar”, na promoção de actividades com programas especiais em zonas rurais e litorais, por via de estratégias e programas muito bem delineados e a estes dirigidos, em todos estes um forte pendor para o ensino de boas práticas de segurança aquática e para o salvamento e socorro a náufragos. O cume dessa pirâmide está estruturado nos Clubes Desportivos, Centros de Treino e Selecções Nacionais, que possuem um estrito protocolo orientador do Plano de progressão de carreira para os seus nadadores nas diferentes disciplinas da natação (Natação Pura, Natação de Aguas Abertas, Pólo Aquático, Natação Artística, Saltos e Saltos de Grandes Alturas).

    Ser-se conhecedor de Estatutos, Regulamentos, normas e regra da natação, a nomenclatura das técnicas e das distâncias de provas, a estrutura de organização dos recordes Nacionais e internacionais, das políticas, estratégias, planos e programas do órgão reitor da modalidade, permitirá que se possa fazer com o discernimento requerido trabalhos de investigação e entrevistas atractivas ao público e motivadoras para potenciais investidores e decisores políticos.

    Um suporte indispensável será o da disseminação da ideia da “industrialização da Natação” como suporte de toda actividade profissionalizante que se pode ter em torno da modalidade, criando-se oportunidades para pequenos, médios e grandes empreendimentos que forneçam meios de sustentação de toda a actividade com produtos locais dos mais variados tipos de e de serviços em que o alvo preferencial sejam as actividades aquáticas nacionais.

    Daqui, pressupõem-se podermos encontrar a mais flagrante possibilidade de facilmente poderem encontrar-se os futuros mecenas, os parceiros que mais facilmente se irão dispor para a patrocinar esta máquina que se chama Natação.

    A integração de toda uma comunidade jornalística num projecto como este, será de suma importância para o alcance de novos ventos para o relançamento da modalidade de Natação.

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