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    Natal: Preços disparam nas grandes superfícies comerciais

    A lei da oferta e da procura encontra a sua expressão máxima, durante o Natal. A procura aumentou e os preços dispararam. Para evitar grandes despesas, há quem compare preços e opte pelo mercado paralelo. Sempre dá para poupar uns tostões. Certo é que quase todos os comerciantes querem lucrar. Uma atitude pouco «católica» na festa maior do calendário religioso. A fiscalização não chega para travar a especulação.

    Quando o relógio marcava 10h30, de terça-feira, dia 18, a reportagem do Novo Jornal estava no hipermercado Jumbo, onde pudemos constatar que alguns produtos sofreram acréscimos, justificados por fonts da instituição com o desalfandegamento.

    Um bolo médio era vendido a 5.600 kwanzas, enquanto o bolo normal custava 920 kzs e o bolo crème 3.850kzs. A grade de Sumol estava a ser comercializada a 2.160 kzs, a cerveja de marca Sagres a 2.228kz, a Savana 3.000 kzs, a Super Bock 1.920kz e a cerveja nacional, a Cuca, estava tabelada a 1.860kz. O champanhe espumante, Laço Vermelho, custava 785kzs a garrafa.

    Os brinquedos para as crianças iam dos 6.000 kzs aos 37.120kzs, mas, Segundo disseram os consumidores habituais deste hipermercado à nossa reportagem, subiram ligeiramente, quando comparados com os preços praticados no ano passado. “Houve uma subida na ordem dos cinco por cento”, estimou um cliente ao NJ.

    O preço mais alto cobrado por um bacalhau foram 2.750kz e o mais baixo fixou-se nos 1.500kzs. Já a unha de porco estava a ser vendida a 570kz.

    A nossa primeira interlocutora foi Ilda Filipe, que, descontraída, aceitou falar ao Novo Jornal sem qualquer constrangimento.

    “Estou a comprar o necessário, e devo fazer poupanças para Janeiro. Para mim, o necessário é comprar o grão-de-bico, o bacalhau, frango, gasosa, sumo para os netos, e uma cerveja ou vinho para quem consume álcool”, descriminou, repetindo um discurso tantas vezes ouvido no final de ano.

    “Existem pessoas a quem o dinheiro traz comichão, porque na quadra festiva gastam tudo e quando chega o mês de Janeiro ficam sem nada e começam a reclamar, que este mês é o da fome. O bacalhau, que é um produto muito procurado na quadra festiva, custa 2.750kzs. Comprei o que vai de encontro ao meu bolso, o que custa 2.400kzs”.

    O DOBRO DO PREÇO

    A nossa interlocutora não consegue fazer uma comparação com os preços do ano anterior. “Meu filho, já não me recordo”, justifica. Mas garante que nos principais produtos da alimentação angolana “houve um ligeiro acréscimo” no princípio deste mês. “Por exemplo, no Mercado informal, na zona do Prenda, o quilo de fuba subiu para 200 kzs quando antes custava 100”, exemplifica.

    “As coisas no nosso país sempre sobem, como diz o padre. Dezembro é um mês de alegria, de festa e do nascimento do menino Jesus, mas os nossos comerciantes não pensam assim. Pensam em explorar, quando deveriam criar políticas de saldo, mas isso não acontece”, lamenta.

    Já o professor universitário Castro Maria aproveitou a folga para comprar brinquedos. “De uma forma geral, vim fazer compras para casa e comprar alguns brinquedos para as crianças”, disse.

    Para o nosso interlocutor, Dezembro tem duas datas importantes para a família, que são o 25 de Dezembro e o 31 de Janeiro, que assinala o início do ano novo.

    “O que estou a fazer agora são compras de rotina. Para a quadra festiva, será feita amanhã, sábado, com a presença da minha esposa. Mas estou a comprar agora os brinquedos, para poder oferecer aos meus filhos, netos, afilhados e sobrinhos, porque no fim-de-semana as coisas podem acabar ou mesmo subirem de preço”. Castro Maria disse que faz um giro por quase todas as lojas da cidade capital, como são os casos do Jumbo, o Shoprite e o Nosso Super. “Depende muito do que o fornecedor vai me oferecer e conheço bem o Mercado luandense. Em relação aos preços, não sinto tanta diferença e podem crer que houve uma pequena diferença. Há produtos que estão mais caros e outros estão mais acessíveis. Os brinquedos estão mais caro. Agora, os bens alimentares estão equilibrados e não têm tanta diferença”.

    MAIS DINHEIRO DISPONÍVEL

    Na sua óptica, os preços sobem sem sempre nesta época do ano, “porque tem a ver com a capacidade de compra dos consumidores. Nesta altura, as pessoas têm o salário do mês de Novembro, Dezembro, o décimo terceiro mês e o subsídio de Natal e quase todo o mundo quer festejar esta data, por isso, toda a gente compra de tudo um pouco. Até os mais desfavorecidos

    querem comprar de tudo um pouco, então, há muita procura de produtos de todos os géneros, por causa das ofertas, das festas, todo um conjunto de situações que se vive na quadra festiva. Logo, os fornecedores também aproveitam para fazer das suas. Uns sobem os preços, mas é mais por causa da data”.

    Manuela António, por seu turno, diz que o preço dos bolos no hipermercado Jumbo não sofreu nenhuma alteração, tal como no Shoprite, em que o bolo mais barato custa 1.999 kzs e o mais caro é de 3.499kzs.

    Já para Rita Gama, a subida constante dos preços é resultado de especulação. “Quando há uma tabela de preços estabelecida não têm nada que subir, sobretudo, no período da quadra festiva, e cabe a quem de direito resolver esta situação. Isto não é normal”, sentencia.

    Francisco Domingos Catinbala comprou uma grade de cervejas Super Bock, por 1.920kzs, e uma de Sagres mini no valor de 2.228kzs, que, na sua opinião, está muito caro. “For a é mais barato. Se não fosse dado pela empresa, deveria comprar na janela aberta, não tenho outra alternativa”, lamentou.

    MEDIR O PULSO

    Sandra Costa diz que, na última segunda-feira, esteve no hipermercado Kero para poder comparar preços em relação a outras lojas. “Aqui, os preços são bem diferentes em relação ao Kero. O sumo Ceres custa 200kzs, aqui no Jumbo são 330kzs e não vou levar, prefiro comprar água mineral, e outros produtos”.

    A mulher costuma variar de loja, mas desta vez foi ao Kero para medir a pulsação aos preços. E, segundo ela, gostou do que viu. “Os preços são mais acessíveis. Neste ano, os géneros alimentares baixaram muito, porque há mais oferta”.

    Por volta das 12h30, estávamos a entrar no supermercado Shoprite. Na estrada de Catete, vulgo avenida Deolinda Rodrigues, o trânsito começava no cemitério da Santana e, como não havia outra alternativa, tivemos de suportar a enorme fila de carros, porque na zona do Palanca e do Golfe as estradas estão em obras e aparentemente os trabalhos não vão terminar tão cedo.

    Na Shoprite, o movimento de consumidores era enorme. O bacalhau mais barato estava em 1.214,37kzs e o mais caro chegava aos 2.163kzs; a árvore de Natal mais acessível custava 4.799kzs e a mais cara disparou para os 18.999kzs. Os brinquedos estavam a ser comercializados a preços que iam dos 7.999kzs aos 14.399kzs.

    No que diz respeito a bebidas alcoólicas, a grade de cerveja Cuca custava 1.799kzs; o champanhe pequeno ficava- se pelos 239kz, o médio 689kzs e o maior chegava aos 1.399kzs; a grade de Savana cidra era de 2.700kzs e a Cristal ficava-se pelos 1.919kzs.

    FALTA DE COMPRADORES

    Ildivania Salocombo, que comprava uma árvore de Natal ecológica, pagou 2000kzs. Diz que o preço em relação ao ano passado não sofreu nenhum acréscimo “e a tendência é para baixar e não aumentar”.

    A pequena Judith, que chorava diante dos pais para que lhe comprassem a famosa boneca Analtina, não teve grande sorte. A loja não tinha o que ela pretendia. “Quero a Analtina…”, repetia a criança, por entre um choro convulso. Os pais tiveram de recorrer ao mercado negro para satisfazer o desejo da menina, como disse à nossa reportagem o pai de Judith.

    O Shoprite tem disponível para os seus clientes um cabaz de Natal que custa 39.999kzs e que é composto por uma grade de Sumol, uma de Cristal branca, azeite Gallo, fermento lata Royal, avelãs Nat, uvas, figos secos, pêssego em calda Ferbar, whisky Red Label e Ballantine’s 12 anos, vinho Monte Baixo, do Alentejo, branco e tinto, cava cristalino Brut, vinho do porto, azeitona preta, açúcar, etc.

    Já no mercado dos 30, situado na zona sul de Viana, fomos medir a pulsação aos preços. Uma das principais preocupações é a falta de compradores e também o facto de o acesso não ser dos melhores.

    Existem muitas dificuldades quando chove, disseram as vendedoras ao Novo Jornal.            O peixe corvina, que pode substituir o bacalhau, tem preços que variam entre os 500kzs e os 2500kzs.

    A galinha nacional custa 1500kzs e a famosa “avicuca”, que é a importada, 2500kzs. O pato vai dos 2500kzs aos 4500kzs. O balde de batata rena é vendido a 200kzs e o saco são 2000kzs, a cebola tem um custo de 1000kzs e a caixa de ovo é a 750kzs.

    O quilograma de trigo custa 100kzs, o fermento 50kzs, o quilo de açúcar 100kzs, o oleo alimentar são 250kzs, quando antes custava 200kzs. Os brinquedos podem ser encontrados a valores que vão dos 1000kzs a 5000kzs. Domingos Cazuza (Novo Jornal)

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