Silêncio. é a opção escolhida pelas entidades responsáveis pela comercialização dos apartamentos do Kilamba, mais de um mês depois do Presidente da República ter-se mostrado “insatisfeito” com a baixa taxa de ocupação de mais de 15 mil apartamentos que continuam fechados.
A Sonangol Imobiliária e Propriedade (SONIP), entidade a quem o governo atribuiu a responsabilidade de vender a “centralidade”, continua fechada em si, sem qualquer pronunciamento, nem mesmo o Fundo de Fomento Habitacional criado para ajudar os cidadãos a obterem financiamento junto dos bancos tem salvo a honra da casa.
A verdade é que a “insatisfação” do Presidente da República gerou alguma esperança junto da sociedade que viu no pronunciamento de Eduardo dos Santos uma possibilidade para realização do sonho da casa própria.
“À primeira vista parece haver uma excessiva interferência administrative e burocrática neste processo de aluguer por renda resolúvel ou comercialização dos imóveis, porque de outra forma não se justifica que as casas ficassem tanto tempo fechadas quando as empresas imobiliárias privadas até vendem as casas antes da sua conclusão”, Eduardo dos Santos lançava assim o alerta para a necessidade de se alterar o processo que, um ano depois da sua abertura, continuava entre nuvens cinzentas.
O silêncio sobre o Kilamba poderá ter como base a dificuldade em se encontrar um “método ideal” para a sua venda sem ser o Estado a suportar os encargos. De acordo com fonte conhecedora do processo é preciso que sejam métodos certos que não ponham em causas a continuidade da política habitacional em curso.
“Não basta vender. É preciso saber vender e com garantia. Porque até agora grande parte dos moradores do Kilamba receberam as casas através dos ministérios com base num decreto que autorizou o Fundo de Fomento Habitacional a assumir o risco. Ou seja, as casas foram entregues na modalidade de renda resolúvel sem nenhuma garantia. O Estado aqui assumiu o risco”, disse a nossa fonte.
“Esta modalidade poderá não ser a mais viável para o resto do processo, porque se o objectivo é tornar acessível o Kilamba a toda a sociedade e não apenas aos funcionários públicos, é preciso experimentar outras modalidades, tendo sempre a renda resolúvel como a saída, já que a suposta classe média angolana não tem condições para pagar a pronto os apartamentos”.
Outra dificuldade estará relacionada com a entidade que deve assumir a venda dos apartamentos. “O Kilamba agora pertence à SONIP que quer garantias dos compradores. Do Instituto Nacional da Habitação não se sabe nada! É preciso encontrar um meio-termo para o sucesso deste Kilamba e dos outros em construção no país”, conclui a nossa fonte.
A verdade é que o tempo vai passando, o Kilamba continua “fantasma” e palavreando o Presidente da República, temos “que ver porquê que não se consegue comercializar estas casas quando a carência é grande, toda gente quer e pessoas não sabem como chegar aqui – o que não é normal e não é bom para o nosso país”.
De recordar que a urbanização do Kilamba tem disponível mais de 15 mil apartamentos dos tipos T3 a T5, com preços que vão dos 120 a 200 mil dólares.
Até ao fecho desta edição não recebemos o posicionamento da SONIP, pelo gabinete de comunicação da Sonangol onde foi enviada via mail, uma solicitação para uma explicação sobre o porquê do silêncio no processo de venda do Kilamba. (Novo Jornal)
