Quando Agostinho Neto morreu, eu tinha 13 anos de idade. O país inteiro chorou. Não vi uma alma viva sem lágrimas nos olhos naquele dia. Nunca voltei a ver nenhum outro funeral que movimentasse tamanha moldura humana, e provocasse um grande sentimento de perda como o de Agostinho Neto.
Nagrelha mudou a história. Depois do guia imortal, só o Naná foi merecedor de tanto alvoroço da parte dos angolanos. Venham com as reflexões pseudo-intelectuais que quiserem. A verdade está aí, sem floreado.
Ele é tão somente um fenómeno que queiramos ou não alterou o consenso da lógica intelectual da vida. Quase electrado.
Aparentemente desprovido de qualquer tipo de conhecimento científico, deu lições a todos vocês que se dizem cultos e cheios dos diplomas universitários. Parece que falava à toa, mas ainda assim, dizia frases sábias e carregadas de lições que você, intelectual, não consegue dizer com a simplicidade que ele conseguia.
Nagrelha também pode ser a resposta de uma grave e séria crise sócio politica. Nagrelha pode ser a resposta da falta de líderes capazes. Nagrelha pode ter sido o messias enviado para alavancar o seu mundo, mas ele mesmo não percebeu isso.
Nagrelha podia ter sido a ponte para o entendimento entre o asfalto e o musseque. Nagrelha viveu sem perceber que ele não esteve cá por um acaso. Podia ter sido a luz e a bandeira dos excluidos, se quisesse.
E assim pensei alto!