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    Informe do PR à nação: Abordar questões da paz em Moçambique

    Presidente da República, Armando Guebuza (DR)
    Presidente da República, Armando Guebuza (DR)

    O Presidente da República, Armando Guebuza, deverá abordar no Informe sobre o Estado Geral da Nação as acções que o Governo está a desenvolver com vista a pôr fim à instabilidade política e militar que se vive em alguns pontos do país.

    Esta expectativa foi manifestada ontem em Maputo por cidadãos abordados pelo “Notícias” a-propósito da informação que Armando Guebuza vai apresentar esta manhã ao país a partir do pódio da Assembleia da República.

    Segundo os nossos entrevistados, para além de abordar as acções para o fim aos ataques armados da Renamo a alvos civis e militares, Armando Guebuza deverá igualmente falar da questão do combate à criminalidade que nos últimos meses ganhou contornos alarmantes, particularmente nas cidades de Maputo, Matola e Beira, com a ocorrência de cada vez maior número de raptos e sequestros, para além de assaltos à mão armada, tráfico de drogas, entre outros.

    O Presidente da República vai hoje, pela penúltima vez neste mandato, ao Parlamento falar do Estado Geral da Nação, um informe que ao abrigo da Constituição da República deve ser apresentado uma vez por ano.

    O documento, como nos anos anteriores, deverá fazer uma reflexão sobre a luta contra a pobreza, o principal vector do Programa Quinquenal do Governo para o período 2010-2014. Aliás, a par desta questão o Chefe do Estado deverá hoje se debruçar sobre a unidade nacional, a paz e a democracia, condições “sine qua non” para a criação do bem-estar dos moçambicanos.

    A nossa convicção de ver assuntos abordados no informe de hoje surge do facto de Armando Guebuza nas suas visitas aos distritos no âmbito da Presidência Aberta e Inclusiva não se ter cansado de falar sobre estes assuntos que, no seu dizer, são das principais conquistas de todos moçambicanos.

    “A independência nacional é a construção política que faz de nós cidadãos moçambicanos e que, ao mesmo tempo, nos recorda que fora das nossas fronteiras, quer queiramos, quer não, somos estrangeiros e somos assim tratados”, sublinhou vezes sem conta o Chefe do Estado moçambicano no contacto com as populações nas diversas províncias do país.

    (DR)
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    ABARCAR TODAS ESFERAS – DANILO ALY TEIXEIRA, DEPUTADO

    O deputado da Assembleia da República pela bancada da Frelimo, Danilo Aly Teixeira, espera que o informe do Chefe do Estado seja abrangente e que ele fale sobre as realizações que o país conheceu nas várias esferas da vida nacional.

    Segundo Teixeira, o país cresceu nos últimos doze meses, não obstante alguns constrangimentos que conheceu, sobretudo no princípio do ano, quando as zonas centro e sul foram assoladas pelas cheias e enxurradas que provocaram perdas de vidas humanas e animais, para além de avultados danos materiais.

    “Não há dúvidas que a nível económico o país registou progressos em 2013 e acho que isso vai ser um dos aspectos a ser abordado pelo Presidente da República. Este crescimento demonstra que a luta contra a pobreza está a conhecer sucesso”, disse, para depois frisar que o referido crescimento é demonstrado pelos diferentes instrumentos que vão sendo adoptados, como é o caso da Conta Geral do Estado, para além dos balanços que são feitos pelo Governo e pela Assembleia da República.

    Por outro lado, aquele representante do povo reconheceu a necessidade de o Presidente Armando Guebuza dissertar sobre o desenvolvimento do diálogo político entre o Governo e a Renamo e outras forças vivas da sociedade.

    “No informe julgo que o Presidente da República vai trazer esta questão. Vai explicar aos moçambicanos o que está a ser feito para que o diálogo político no país tenha os resultados esperados por todos. Vai dizer o que o Governo está a fazer para encontrar uma solução para a situação que se vive no país, particularmente na zona centro”, afirmou o parlamentar.

    (DR)
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    PAZ EM PRIMEIRO LUGAR – CARLOS CARNEIRO, DOCENTE UNIVERSITÁRIO

    PENSO que o Presidente da República no seu informe à nação deverá, em primeiro lugar, falar da paz, visto que o país está a viver momentos conturbados naquilo que é a inserção política de todos os intervenientes nesta matéria.

    Quem assim o diz é Carlos Carneiro, docente universitário na cidade de Quelimane e que se encontra em Maputo a participar no Encontro Nacional da Juventude. Segundo disse, esta questão, que considerou de primordial importância para a vida nacional, está a criar uma grande ansiedade no seio da população de todo o país que quer ver terminados os ataques armados a alvos civis e militares alegadamente protagonizado por homens da Renamo no troço entre Muxúnguè e Save, na Estrada Nacional Número Um.

    “Mais do que isso, julgo que será de bom-tom o Presidente falar da luta contra a pobreza, descrevendo o que se está a fazer para minimizar as bolsas de fome que vão se registando em alguns pontos da nação moçambicana, assim como referir-se sobre o combate à corrupção”, afirmou Carneiro.

    A fonte referiu-se igualmente à onda de criminalidade que tende a crescer em algumas zonas urbanas do país, afirmando que esta pode estar inserida num plano de desestabilização do país, daí que o Chefe do Estado deverá explicar à nação o que está a ser feito para se ultrapassar este problema.

    “Quando se fala de sequestros, raptos e assaltos à mão armada estamos a falar daquilo que é a própria vida social. Como é que os moçambicanos, de facto, devem viver tranquilamente? Então para haver esta tranquilidade há necessidade de haver coesão. Quando falamos de raptos estamos a nos referir a famílias que perdem seus parentes, seus sonhos… em suma, falar de rapto, falar de sequestro, falar de democracia e de guerra no país, estamos a falar de algo que não nos orgulha a nós moçambicanos”, disse o nosso interlocutor.

    (DR)
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    FALTA MUITA COISA PARA ATINGIRMOS A VERDADEIRA PAZ – LINA FRANCISCO, DOMÉSTICA

    A PAZ não se traduz apenas no calar das armas. Ela deve, acima de tudo, reflectir uma cada vez maior melhoria da vida das pessoas, abrindo espaço para que a população viva com tranquilidade, o que significa dizer que as pessoas não devem ter medo de serem roubadas, terem acesso à água potável, circular em estradas com o mínimo de segurança, com ruas iluminadas à noite, enfim, com os meios básicos para ganharem uma vida condigna.

    Esta posição foi defendida por Lina Francisco, doméstica, moradora na Catembe, para quem esta tranquilidade ainda não existe naquele ponto da cidade de Maputo por este não oferecer as tais condições mínimas para uma vida tranquila.

    “Porque os moçambicanos ainda não têm isso, penso que o Presidente da República deveria falar destes assuntos, mostrando, assim, que o Governo está empenhado na busca de soluções com vista à erradicação da pobreza no país”, afirmou.

    A fonte disse que no seu local de residência não existe o espectro da guerra, como acontece no centro do país, mas, mesmo assim, os seus residentes não vivem em paz. “Não temos paz porque aparecem vezes sem conta ladrões que nos levam as poucas cabeças de gado que temos; não vivemos em paz porque a maioria das pessoas não tem acesso à água potável; não existe paz porque as ruas não estão iluminadas, o que constitui um perigo para quem anda à noite; etc., etc.”, afirmou.

    A nossa fonte apelou, por outro lado, para o Presidente da República desenvolver todos os esforços ao seu alcance no sentido de se encontrar com o líder da Renamo para porem cobro à situação de guerra que se vive no centro do país.

    “Os moçambicanos já estão habituados a viver em paz. A paz é importante. Com a paz o país cresceu em termos de infra-estruturas, com destaque para as estradas, pontes, escolas, postos e centros de Saúde, para além de casas de habitação. Hoje os políticos querem que os moçambicanos vivam os horrores da guerra. Nós dizemos não à guerra”, frisou a nossa fonte.

    INQUERITO-5FALAR DO COMBATE À POBREZA – VITORINO SITOE, SEGURANÇA

    VICTORINO Sitoe, guarda de uma empresa de segurança, considera que o Presidente da República deverá falar das acções concretas que o Governo está a levar a cabo com vista a atenuar os problemas de pobreza que se vivem no país.

    Segundo ele, é necessário que o Executivo crie condições para os moçambicanos com rendimentos baixos tenham capacidade de usufruir do mínimo para poderem viver condignamente.

    “Eu sou segurança. Gostaria de poder mandar o meu filho para uma boa escola para que ele possa adquirir conhecimentos para que amanhã dê um contributo diferente do que eu estou a dar para o crescimento nacional”, disse.

    Tal como os outros cidadãos abordados pela nossa Reportagem, Vitorino Sitoe não deixou de falar da questão da manutenção da paz. Segundo ele, o diálogo político levado a cabo entre o Governo e a Renamo deve produzir resultados que determinem o fim dos ataques armados que estão a ocorrer na zona centro.

    “No centro do país estão a morrer pessoas. É preciso pôr fim a esta situação. Para além destas mortes e da destruição de bens materiais, os ataques da Renamo estão a resultar numa onda de subida de preços de produtos de primeira necessidade na Beira, Quelimane, Nampula, Pemba e em outras cidades. Tenho minha família na Beira e já se está a queixar dos preços ali praticados”, afirmou, para depois lamentar o facto de a capital da província de Sofala ter sido palco de manifestações violentas em repúdio ao alegado recrutamento compulsivo de jovens para o Serviço Militar.

    “O Presidenta da República tem de esclarecer se houve ou não recrutamento militar compulsivo na Beira. Ouvimos os jovens a dizer que sim mas o Governo vem dizer que não, é a Renamo que está a recrutar pessoas para as suas fileiras. Afinal o que está a acontecer?”, questionou.

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