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    Etiópia: “O primeiro tiro já foi disparado”

    Na Etiópia, o primeiro-ministro anunciou uma resposta musculada depois do ataque a um campo militar na região de Tigré. A resposta de Abiy Ahmed pode traduzir-se no início de um potencial conflito na Etiópia, o país mais populoso de África, devido ao crescimento das tensões internas.

    Abiy Ahmed acusa a Frente de Libertação do Povo de Tigré (TPLF), partido no poder nesta região de Etiópia, de “ter atacado uma base militar federal”. “As nossas forças de defesa receberam ordens para assumir a sua responsabilidade de salvar a nação. Foi ultrapassada a linha vermelha”, sublinhou o primeiro-ministro.

    A resposta de Abiy Ahmed pode traduzir-se no início de um potencial conflito na Etiópia, o segundo país mais populoso de África, devido ao crescimento das tensões internas.

    Na televisão pública, Abiy Ahmed declarou que “as forças desleais” se viraram contra o exército em Mekele, a capital de Tigré,e em Dansha, uma localidade vizinha. Segundo o governante o ataque provocou “vários mortos e feridos, além de danos materiais”.

    O gabinete do primeiro-ministro acusou, em comunicado, a Frente de Libertação do Povo de Tigré de ter vestido os seus soldados com fardas militares semelhantes às utilizadas pelo exército da Eritreia, com o objectivo de “implicar o governo eritreu em falsas reivindicações de agressão contra o povo de Trigré”.

    Nos últimos dias tem-se verificado um aumento da tensão entre Addis-Abeba e Trigé. A região não reconhece a autoridade do estado Federal desde que as eleições nacionais que deveriam ter sido realizadas em Agosto foram adiadas.

    Os líderes da região de Tigré, que dominaram o plano político nacional durante quase 30 anos até à chegada de ao poder de Abiy Ahmed em 2018, decidiram unilateralmente manter as eleições na sua região em Setembro.

    Desde essa altura, que ambos os campos se consideram ilegítimos. Os senadores etíopes votaram em Outubro por uma rotura de contactos de financiamento entre as autoridades federais e os responsáveis de Tigré.

    É na região de Tigré, que se encontra uma parte importante do pessoal e equipamento militar do estado federal, herança da guerra entre a Etiópia e a Eritreia (1998-2000).

    De acordo com o think-tank International Crisis Group a região tem capacidade bélica para um “conflito destruidor capaz de destruir o país”. Os responsáveis de Tigré já vieram a público dizer que não seriam eles a iniciar um conflito: “Nós nunca seremos os primeiros a disparar” e acusam Addis-Abeba de “brincar com o fogo”.

    Manuel João Ramos, especialista do Corno de África, sublinha “que os dados que tem do terreno mostram que a situação está muito perigosa. O primeiro-ministro não tem intenção de cessar a ofensiva e este é um conflito que estava a borbulhar desde que o primeiro-ministro entrou em funções”.

    A situação é tanto mais preocupante, “porque o TPLF e as tropas TPLF são as mais eficientes e as mais bem treinadas das Etiópia”.

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