O início da época chuvosa, a vigorar oficialmente desde 15 de Agosto, está a preocupar os habitantes de Luanda, principalmente os moradores da zona periférica, devido aos constrangimentos que causa como inundações, focos de lixo e doenças, assim como derrocadas de casas, entre outras calamidades.
Numa ronda efectuada pela Angop, a propósito do tema “Calamidades naturais e prevenção dos seus efeitos”, os moradores manifestaram a apreensão com o início das chuvas, embora ainda não comecem a cair com grande intensidade na capital do país. Os estragos dos anos anteriores ainda são visíveis, sobretudo nos bairros Popular, Camama e Boavista.
Bairro Popular
É notório o mau estado de conservação de parte das estradas dessa zona, onde é evidente a degradação do asfalto, como nas ruas entre a Machado Saldanha e Avô Cumbi. Com as chuvas poderá tornar-se difícil a circulação no troço. Por enquanto, a circulação nesta via é lenta e sofrível. Não só devido ao mau estado das estradas, mas também pelas águas residuais que se acumulam nos buracos, o amontoado de lixo e a poeira.
O morador Manuel Vieira, a viver há 20 anos no bairro Popular, admitiu estar com receio dos estragos que as chuvas poderão provocar, devido aos focos de lixo e a poeira, que se concentram junto das casas e a inoperância dos esgotos. Sobre o estado das ruas, estima que podem se tornar intransponíveis com as águas das chuvas.
Já o professor António Kaluca, residente há mais de 15 anos na zona, admite que algumas vias têm beneficiado de acções de melhorias, mas por falta de manutenção e má conservação voltaram a degradar-se.
Apelou à administração local e à comissão de moradores para promoverem campanhas de limpeza, operações de “tapa buraco” e acções de sensibilização para evitar-se doenças, enchentes e outros transtornos no distrito de Kilamba Kiaxi.
Bairro Camama
O cenário não é diferente na zona do Calemba 2, distrito do Kilamba Kiaxi, onde amontoados de lixos à berma das estradas principais e poeira “pintam” o quadro da região, facto que constituirá fonte de doenças com a chegada das chuvas.
O morador Pedro Tchivinda receia que as chuvas poderão causar várias epidemias no bairro da Camama, devido à falta de saneamento básico e de esgotos, aliada a lixeiras existentes em muitas ruas.
Para o funcionário público e residente Carlos Vilola o medo “mora” no surgimento de surtos de cólera e paludismo em tempos de chuvas. Culpabiliza as vendedoras ambulantes de serem as maiores produtoras de lixos em passeios, bermas e estradas.
“As zungueiras comercializam os produtos nos passeios e junto das casas. Não retiram o lixo. Deixam garrafas, plásticos, latas, restos de comida, fraldas descartáveis, entre outro material. Com a chegada das chuvas, esse lixo pode ser arrastado e contaminar a população, principalmente as crianças”, suspeita.
Sambizanga
Nesta área da cidade de Luanda, o caso é mais dramático com a proximidade da estação chuvosa. Além de focos de lixo e buracos nas estradas, dividindo espaço com águas estagnadas, adiciona-se o risco da destruição de casas construídas nas montanhas da Boavista.
O troço entre o bairro da Boavista e o Porto de Luanda é dos que mais preocupa. Dos buracos e águas paradas juntam-se automóveis pesados abandonados ao longo da via e dificultam ainda mais o trânsito.
De acordo com Joana Manuel, moradora há quase 15 anos, a degradação das ruas do Sambizanga é motivada pelo mau comportamento social de muitos dos mais de 200 mil habitantes da circunscrição.
“Muitas pessoas não cuidam convenientemente da higiene da comunidade, jogam água suja e lixo para a estrada. Mandam as crianças depositarem o lixo nos contentores. Assim, em nada contribuem para melhorar o asseio e a beleza do Sambizanga”, observa.
Apela aos munícipes para mudarem de atitude comunitária, exercendo com civismo o seu dever de cidadão para transformar o bairro, situado a Oeste do oceano atlântico e a norte do município de Cacuaco, em bom local para se viver.
Mais preocupado se mostrou o habitante Adão Nascimento. Segundo ele, é incompreensível que as pessoas insistam em morar ou construir nas montanhas da Boavista, sem receio de todos os riscos, nomeadamente o deslizamento de terras.
“Esses moradores já foram retirados das montanhas e colocados em locais seguros, mas regressam por teimosia e aproveitamento económico. Temos acompanhado vários programas e campanhas de sensibilização para demover esses prevaricadores das suas atitudes. Espero que acatem as orientações”, sublinha. (portalangop.co.ao)
por Francisca Augusto