A companhia francesa Altice reforçou sua intenção de comprar a Portugal Telecom. Essa semana, apresentou uma proposta de 7,025 bilhões de euros à Oi para aquisição da companhia portuguesa.
A venda interromperia o processo de fusão da Oi com a Portugal Telecom. O valor pago pelos ativos da PT daria à Oi fundos suficientes para participar de uma operação para comprar a TIM, segunda maior operadora móvel do Brasil e filial da Telecom Italia.
O mercado trabalha com a hipótese da TIM ser comprada e dividida entre Vivo, Claro e Oi.
Portugal
Esse não seria o primeiro investimento da Altice em Portugal. O grupo francês, com sede em Luxembrugo, entrou no país em 2012, quando adquiriu a Cabovisão, da Cogego por 45 milhões de euros. No ano seguinte, comprou a operadora de comunicações empresariais Oni. Com a compra da PT, a Altice passaria de player secundário a líder de mercado.
Segundo fontes internas, a empresa tem planos de longo prazo para a Portugal Telecom. “Conhecemos o setor e conhecemos Portugal”, disse fonte da Altice ao jornal português Público.
As receitas do grupo atingiram 13,6 bilhões de euros em 2013; a contribuição da Oni e da Cabovisão foi de 210 milhões de euros.
A empresa
A Altice foi fundada em 2002 pelo empresário francês Patrick Drahi. Com as recentes aquisições em Portugal e França, a Altice quer ser vista como um grupo de telecomunicações. Hoje, o grupo emprega 20 mil pessoas.
Drahi, empresário de ascendência israelita e francesa, entrou este ano para a lista de bilionários da Forbes, em 129° lugar. Sua fortuna pessoal é avaliada em 9,6 bilhões de dólares. Ele entrou na lista após a Altice alcançar US$ 1,8 bilhão no IPO em janeiro deste ano.
“Graças a uma política de comprar barato para vender caro, [Patrick Drahi] construiu a Altice através de 20 aquisições de empresas de cabo e operadoras móveis em dificuldades, muitas vezes por preços baixíssimos”, diz o perfil publicado pela Forbes.
Filho de professores de Matemática, nasceu e viveu em Marrocos, mas hoje em Genebra, na Suíça. Ele fez o primeiro investimento numa empresa de cabo em 1991. Foi com o português Armando Pereira e com o francês Bruno Moineville que fundou a Altice.
Presença mundial
Nos últimos anos, a Altice tem procurado aquisições para aumentar sua presença na Europa. Na França, controla a Numericable, que cobre mais de cinco milhões de lares com sua rede de fibra óptica. A Altice detém 30% da Numericable, tendo a Carlyle 26,3%.
Em abril, a Numericable acertou a compra da SFR, segunda maior operadora de telefonia celular da França, da Vivendi. A operadora foi adquirida por cerca de 17 mil milhões de euros.
A França corresponde a cerca de 40% das receitas do grupo, segundo a Forbes, enquanto 27% vêm de Israel.
Além de França e Portugal, o grupo Altice já se assume como multinacional cabo e telecomunicações com presença em Israel, Bélgica, Luxemburgo, Suíça e Caribe.
Em Israel, detém a operadora Hot. No final de 2013, esta empresa tinha 1,127 milhões de clientes no cabo e 810 mil subscritores móveis. Na Bélgica e Luxemburgo controla a Coditel.
A empresa também tem operações no Caribe, em Guadalupe, Martinica e República Dominicana. Em abril de 2014, a Altice completou a aquisição da Orange Dominicana SA., empresa de telefonia móvel na República Dominicana. O valor da aquisição foi de aproximadamente US$1,4 bilhão.
Em março, o grupo já havia adquirido a Tricom, operadora móvel da República Dominicana. (exame.com.br)