As populações da cidade de Bouaké (centro), que se manifestavam contra os soldados amotinados, forçaram-os a regressar às suas casernas, depois de os militares terem dispersos os civis na manhã de hoje, sexta-feira.
O facto ocorreu antes da chegada, no mesmo dia, do ministro da Defesa, Alain-Richard Donwahi, esperado para concluir as negociações com os militares amotinados, depois do acordo de sábado último.
Pelo menos 200 manifestantes reuniram-se na rotunda da prefeitura de Bouaké, para instar os militares a terminar com a revolta.
Quinta-feira, Yacouba Traoré, um notável e um dos iniciadores da manifestação, disse que a população estava fatigada e assumiria a sua responsabilidade.
Hoje, sexta-feira, algumas horas depois de os militares terem disparado no ar para dispersar os manifestantes, estes voltaram à recarga e obrigaram os militares a regressar para as suas cadeias.
Quarta-feira à noite e quinta-feira de manhã, os militares dispararam para o ar, em Bouaké, para pressionar o governo a pagar os seus salários em atraso.
No último fim-de-semana, o movimento dos amotinados de Bouaké propagou-se na maioria das casernas do país, com destaque para Abidjan.
Estes, na sua maioria antigos combatentes, reivindicavam o pagamento das suas indemnizações e dos salários que lhes foram prometidos, em 2011, quando combatiam o antigo Presidente ivoiriense, Laurent Gbgabo.
Motins semelhantes ocorreram em Bouaké, em 2014, tendo-se também alastrado para Abidjan.
A rebelião do Norte que dividiu a Côte d’Ivoire em dois, de 2002 a 2011, era favorável ao actual Presidente Alassane Ouattara. O Sul era controlado pelas tropas leais à Laurent Gbgabo.
Em 2016, o governo ivoiriense começou a aplicar uma ambiciosa Lei de Programação Militar, em vigor até 2020, que prevê a modernização e a compra de equipamentos militares no valor de 1,2 milhões de Euros.
Com 22 mil homens, as Forças Armadas Ivoirienses tem muitos oficiais, comparativamente ao número de soldados. (Angop)