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    Ajuda do FMI a Angola obriga a transparência

    FMI tem políticas um “pouco cépticas” que podem pôr em causa “soberania do país”, diz Reginaldo Silva

    A ajuda que Angola solicitou ao FMI vai obrigar o Governo a ser mais transparente na gestão da coisa pública e poderá honrar a dívida pública interna e externa.

    Em recentes pronunciamentos sobre o tipo de assistência que solicitou ao Fundo Monetário Internacional Angola repudiou as informações segundo as quais se tratava de um apoio financeiro.

    Armando Manuel, Ministro angolano das Finanças, esclareceu que se trata apenas de uma assistência técnica, rejeitado a também que se está perante um plano de resgate económico.

    O analista político Reginaldo Silva esclarece que um empréstimo do FMI obriga a um conjunto de reformas na sua aplicação.

    Silva contraria o Executivo angolano e diz tratar-se de um programa de assistência financeira, mas na vertente de apoio a um conjunto de políticas que pretende ultrapassar os vícios da economia angolana.

    “É um programa de assistência financeira, mas nesta vertente de apoio de um conjunto de políticas que o governo vai ter que implementar, desenhadas em conjunto com o FMI tendo em vista a resolução de um conjunto de nós que a nossa economia tem”, explicou.

    O Ministro das Finanças, Armando Manuel, em recente pronunciamento sobre a situação financeira do país referiu que a dívida pública de Angola ainda é saudável. Mas Reginaldo Silva tem um ponto de vista contrário.

    “O próprio FMI, em recente pronunciamento sobre o desempenho da economia angolana, já tinha alertado para a tendência da dívida pública estar a agravar e estar a ultrapassar um pouco os limites desta saúde que supostamente o Governo acha que ainda existe”.

    O especialista em Relações Internacionais, Afonso Pina, olha para história das intervenções do FMI em duas perspectivas ligadas as exigências, que pode resultar na perda da soberania de quem solicita apoio e por outro, maior transparência e rigor em termos da gestão pública.

    Para o especialista “o FMI tem um conjunto de exigências um pouco mais cépticas, pelo que se considera uma certa perda da soberania do país que solicita o apoio, dado ao facto do FMI exigir corte nas despesas públicas, o que se reflecte na economia pessoal dos cidadãos”.

    A solicitação de apoio ao FMI, segundo a deputada da UNITA Mihaela Webba, que esteve recentemente em Washington, demonstra que os aliados de Angola já não estão interessados em ajudar, tal é o caso da China, o gigante asiático.

    “Nas entrelinhas ele disse que Angola iria solicitar ajuda financeira. Portanto, viemos buscar dinheiro ao FMI porque parece que as portas, quer da China, quer de outros doadores não estão tão abertas para Angola”, defendeu.

    Reginaldo Silva acusa que por falta de vontade política, muitas coisas em Angola só avançam à pressão, tal é caso do FMI, que concede empréstimo sob determinadas condições e exigências.

    “Muitas dificuldades que temos de fazer reformas resulta da falta de vontade interna, que tem a ver com gestão política e com outros calendários”, assegurou.

    Quanto a especificidade do apoio solicitado ao FMI, o analista diz não ver razões que fazem Angola rejeitar que se trata de uma ajuda financeira, pelo que, de igual modo, aventa a possibilidade do prazo de para a amortização do empréstimo ser acima dos 10 anos.

    Para o especialista em relações internacionais Afonso Pina “pelo sim ou pelo não”, em relação ao pedido de empréstimo financeiro à instituição dirigida por Cristene Largd, a verdade é Angola tem um défice na sua gestão.

    Há uma grande expectativa dos cidadãos angolanos em relação ao tipo de assistência solicitada ao FMI, sobretudo, para que o resultado deste acordo se traduza no fim da crise económica e financeira que assola o país.

    Reginaldo Silva espera que “ a parte financeira e técnica do acordo seja bem vista” e que o Governo não tenha dificuldade em assumir que solicitou ajuda financeira ao FMI.

    “Uma coisa não tem nada a ver com a outra: Resgate financeiro é um programa diferente. Nós estamos num programa de apoio à restruturação da economia, a resolução de um conjunto de situações conjunturais que nos podem levar a ter outro tipo de gestão em médio prazo”, considerou.

    Depois das reuniões da Primavera, que decorreram em Washington, a primeira deslocação do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Angola, no âmbito do pedido de assistência ao abrigo do Programa de Financiamento Ampliado (PFA), vai realizar-se em Maio. (VOA)

     

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